Leia o texto:
Versos íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão _ esta pantera _
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija! (Augusto dos Anjos)
Questões para análise:
a) Desde a primeira estrofe, percebe-se que o eu lírico relaciona a vida social do homem à vida dos animais selvagens, por meio de imagens que lembram o estilo naturalista. Que palavras da segunda estrofe melhor confirmam esta afirmação?
b) O vocabulário do poema escandaliza o leitor acostumado com a poesia parnasiana, incluindo expressões que, do seu ponto de vista podem ser consideradas “não poéticas”. Identifique essas expressões.
c) O que há de irônico no título Versos íntimos, comparando-o com o conteúdo do poema?
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