Leia o texto abaixo.
Uma amizade sincera Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento estávamos juntos a qualquer hora. [...]
Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro, marcando encontro imediato. [...]
Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto. [...]
[...] Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados. De início, quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. [...]
Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. [...]
Foi quando, tendo minha família se mudado para São Paulo, e ele morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Depois de tudo pronto – eis-nos dentro de casa, de braços abanando, mudos, cheios apenas de amizade. [...]
Mas como se nos revelava sintética a amizade. [...] Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas não só os vizinhos reclamaram como não adiantou. [...]
Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza. Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. [...]
Afinal o que queríamos? Nada. Estávamos fatigados, desiludidos. A pretexto de férias com minha família, separamo-nos. Aliás ele também ia ao Piauí. Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros. LISPECTOR, Clarice. Uma amizade sincera. In: Conto Brasileiro. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2018. Fragmento.
Nesse texto, a expressão “rebuliço de alma” (4º parágrafo) foi usada para
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Resposta:
Letra ''C'', indicar empolgação.
Explicação:
Acredito que é a que mais conduz com o trecho. Essa palavra na língua portuguesa tem o mesmo significado que agitado. O que significa que a alma estava, de certa forma, inquieta, ou como dito na resposta, empolgada.
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