Leia o texto abaixo.
O problema da pessoa ocupa o núcleo do sistema de Scheler, por constituir ela o verdadeiro suporte e referência maior dos valores morais. O ponto de partida de Scheler é uma crítica à ética formal, especificamente a Kantiana, que reivindicava para si a condição de ser aquela que confere à pessoa uma dignidade superior, ao mesmo tempo em que afirmava que toda ética material aniquila a dignidade da pessoa e de seu próprio valor, que de nada pode derivar senão dela própria. A ética de Kant, contrapondo matéria e forma, se empenha no princípio de que as normas morais devem ser universais e válidas para todo sujeito humano, de qualquer raça, país ou situação histórico-social. Para que ela tenha este caráter necessário de valides universal, Kant excluiu de sua ética tudo o que é empírico ou material, demonstrando franca hostilidade ao dado, interpretando como o caos que o homem precisa dominar, para privilegiar a forma que, representada pelo entendimento, exerce a priori uma função organizadora e de síntese dos dados. A exemplo de Descartes, seu sistema pretende, em última análise, fazer do homem o dono e senhor da natureza. Porém, em razão da debilidade de sua vontade, o ser humano necessita dos imperativos morais para nortear o seu querer. Assim, bom e mau nada mais significam do que agir de acordo ou em oposição à lei, de forma que esses qualificativos somente se aplicam aos atos da vontade.
Contrapondo-se à ética kantiana, Scheler desenvolve uma ética material centrada sobre o sistema de valores, cujo conteúdo é captado ou reconhecido por uma intuição afetiva, os quais são a priori, autônomos e condição da aspiração para a posse dos bens. Subordinando os valores aos valores da pessoa, ele assinala que, se a ética formalista da razão não degrada a pessoa, no mínimo a coloca sob o domínio de uma lei impessoal, cuja obediência se torna condição necessária para que o indivíduo seja considerado como pessoa. Quer dizer, a pessoa, na perspectiva da ética formal, nada mais é do que o sujeito lógico de uma produção racional, submetido à legalidade que ela implica...
Além disso, de acordo com Scheler, a formulação dos imperativos morais dá a entender que no sujeito existe uma inclinação contrária ou de resistência aos valores. Reconhecendo uma hierarquia objetiva de valores, bom é, então, a realização dos valores segundo a sua hierarquia e mau a não realização de tais valores. Assim, esses qualificativos não se reduzem a atos isolados da vontade, como ensinava Kant, mas referem-se ao modo de sentir, pensar e agir que caracteriza a pessoa humana concreta. Em outras palavras, esses qualificativos dizem respeito à pessoa na sua integralidade, pois são valores da pessoa própria.... SILVA, José Eymard. O conceito de ressentimento em Max Scheler: uma compreensão do niilismo ético da modernidade. Dissertação (Mestrado em Filosofia) Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2001.
A partir do texto apresentado assinale a alternativa que evidencia os valores morais em Scheler e Kant.
Escolha uma:
a. A ética scheleriana privilegia os valores “bons” em sustentação por uma ética universal. O mesmo enquadramento dos valores morais é apresentado por Kant.
b. A ética Scheleriana é desenvolvida por uma ética formal, enquanto a ética kantiana é desenvolvida pelos imperativos materiais. Kant se empenhou em apresentar que os princípios que regem as normas morais devem ser universais.
c. A ética Scheleriana reivindicava para si a condição de ser aquela que confere à pessoa uma dignidade superior, ao mesmo tempo em que afirmava que toda ética material aniquila a dignidade da pessoa e de seu próprio valor, que de nada pode derivar senão dela própria. Já a ética kantiana reconhece a hierarquia de valores.
d. A ética Scheleriana uma ética material centrada sobre o sistema de valores, cujo conteúdo é captado ou reconhecido por uma intuição afetiva. Os valores da pessoa são enaltecidos, não reduzidos a atos isolados da vontade. A ética kantiana reduz os valores próprios da pessoa para enaltecer os valores universais.
Soluções para a tarefa
Assinale a alternativa que evidencia os valores morais em Scheler e Kant:
d. A ética Scheleriana uma ética material centrada sobre o sistema de valores, cujo conteúdo é captado ou reconhecido por uma intuição afetiva. Os valores da pessoa são enaltecidos, não reduzidos a atos isolados da vontade. A ética kantiana reduz os valores próprios da pessoa para enaltecer os valores universais.
Para Scheler, o que consideramos bom ou mau varia de acordo com as contingências e são consideradas boas, em um determinado período histórico.
Scheler afirma que a ética deve basear-se na experiência, pois o valor não é algo que se atribui, mas que é experimentado. O homem está rodeado por um cosmos de valores que não necessita ser produzido, apenas reconhecido através do perceber sentimental, possibilitando, inclusive, uma organização hierárquica dos valores.
Kant denominou o Imperativo Categórico, segundo o qual, devemos sempre agir de acordo com máximas que possam ser queridas para todo e qualquer indivíduo racional.
O dever, em Kant, não depende absolutamente de nenhuma atitude “pró” que vise a sua realização. É considerado bom aquilo que está em conformidade com a forma da Lei Moral e mal aquilo que não está em conformidade com ela.
Bons estudos!