Leia o texto abaixo.
O Avião da Bela Adormecida
O voo para Nova York, previsto para as onze da manhã, saiu as oito da noite. Quando finalmente consegui embarcar, os passageiros da primeira classe já estavam em seus lugares, e uma aeromoça me conduziu ao meu. Perdi a respiração. Na poltrona vizinha, junto da janela, a bela estava tomando posse de seu espaço com o domínio dos viajantes experientes. "Se alguma vez eu escrever isto, ninguém vai acreditar", pensei. [...] Instalou-se como se fosse morar ali muitos anos, pondo cada coisa em seu lugar e em sua ordem, até que o local ficou tão bem arrumado como a casa ideal, onde tudo estava ao alcance da mão. [...] Quando levaram a água, ela abriu sobre os joelhos uma caixinha de toucador com esquinas de cobre, como os baús das avós, e tirou duas pastilhas douradas de um estojinho onde levava outras de cores diversas. Fazia tudo de um modo metódico e parcimonioso, como se não houvesse nada que não estivesse previsto para ela desde seu nascimento. Por
último baixou a cortina da janela, estendeu a poltrona ao máximo, cobriu-se com a manta até a cintura sem tirar os sapatos, pôs a máscara de dormir, deitou-se de lado na poltrona,
de costas para mim, e dormiu sem uma única pausa, sem um suspiro, sem uma mudança mínima de posição, durante as oito horas eternas e os doze minutos de sobra que o voo de Nova York durou.
Foi uma viagem intensa. Sempre acreditei que não há nada mais belo na natureza que uma mulher bela, de maneira que foi impossível para mim escapar um só instante do feitiço daquela criatura de fábula que dormia ao meu lado. O comissário havia desaparecido assim
que decolamos, e foi substituído por uma aeromoça cartesiana que tentou despertar a bela para dar-lhe o estojo de maquiagem e os auriculares para a música. Repeti a advertência
que a bela havia feito ao comissário, mas a aeromoça insistiu para ouvir de sua própria voz que tampouco queria jantar. Foi preciso que o comissário confirmasse, e ainda assim a aeromoça me repreendeu porque a bela não havia colocado no pescoço o cartãozinho com
a ordem de não ser despertada. [...]
MÁRQUEZ, Gabriel García. O Avião da Bela Adormecida. In: Doze contos peregrinos. Record, 1992. Fragmento. (P12082617_SUP
06) (P12082617) Infere-se desse texto que
A) a aeromoça desconhecia a orientação dada pela mulher no avião.
B) a mulher sentia medo de viajar de avião durante o período da noite.
C) o comissário estava despreparado para trabalhar durante o voo.
D) o encanto do narrador pela mulher fez o voo parecer demorado.
E) o narrador queria conversar com a mulher que estava do seu lado.
Soluções para a tarefa
A alternativa correta é a LETRA A: a aeromoça desconhecia a orientação dada pela mulher no avião.
Analisando:
A - Correta: a aeromoça desconhecia a orientação dada pela mulher no avião.
B - Incorreta: a mulher sentia medo de viajar de avião durante o período da noite.
→ Em nenhum momento foi dito que ela tinha medo.
C - Incorreta: o comissário estava despreparado para trabalhar durante o voo.
→ Em nenhum momento afirmou-se que o comissário estava despreparado.
D - Incorreta: o encanto do narrador pela mulher fez o voo parecer demorado.
→ O voo realmente foi demorado.
E - Incorreta: o narrador queria conversar com a mulher que estava do seu lado.
→ Em nenhum momento o narrador disse que queria conversar com a mulher ao seu lado.
Nota: inferir que dizer concluir.
Espero ter ajudado!