Leia o texto abaixo e responda às Questões 2, 3 e 4:
A devassa da devassa [1]
Provei a cerveja Devassa num dia no aeroporto. Mas, quando vi na TV sua propaganda com uma norte-americana rica que deve a fama a um vídeo pornô que circulou na internet, achei de mau gosto e perdi a simpatia pela bebida. Ponto. Agora, quando o Conar retirou a propaganda do ar, vale a pena discutir um pouco o assunto.
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) é um órgão privado, que nada tem a ver com o governo. Numa pesquisa de 2000, analisei alguns de seus julgamentos e notei uma certa contradição. Quando o Conselho de Enfermagem reclamou de quatro propagandas mostrando enfermeiras como mulheres fáceis, o Conar concordou e as publicidades sumiram. Já quando psicólogos reclamaram duas vezes porque sua profissão era ridicularizada, o Conar disse que as propagandas eram, só, engraçadas. Em suma, onde para uns há humor, para outros há preconceito; mas a linha de corte depende, muito, do grau de mobilização dos que se sentem ofendidos.
A questão do humor ou do preconceito é ponto em que a publicidade converge com uma preferência dos jornalistas que tratam de entretenimento e variedades: segundo eles, o politicamente correto se distinguiria pela falta de humor.
“Politicamente correto” é um termo pejorativo, usado para criticar a preocupação, nascida nos EUA, de movimentos sociais com expressões que depreciam grupos historicamente perseguidos. Por exemplo, os verbos denegrir e judiar vêm do preconceito contra negros e judeus – embora ninguém pense nisso hoje, quando os usa.
É difícil, mas necessário, separar o que é justo, para combater preconceitos de largas raízes históricas. Denegrir, judiar, humor negro não me parecem exprimir, hoje, preconceito. Tampouco vejo problema em piadas de loira, de português, de papagaio e do Juquinha. Já afirmar que “o asfalto é o preto de quem todo mundo gosta”, como disse um ministro dos Transportes em 1997, é grave. E o é justamente porque o ministro o disse sem maldade: mostra que em nossos costumes há brincadeiras preconceituosas que rotulam negativamente grupos discriminados. Sem o “politicamente correto”, isso passaria batido.
[...]
(Renato Janine Ribeiro, “Mais!”, Folha de S.Paulo, 07.03.2010. Adaptado)
[1] Texto e questões do processo seletivo Fapesp de 2010.
O autor defende a ideia de que:
Escolha uma:
a. a piada, quando leva ao riso, não deve ser considerada preconceituosa
b. é impossível evitar o preconceito, pois a própria língua é preconceituosa
c. é necessário distinguir humor de puro preconceito para evitar injustiças
d. não é possível discriminar o que é cômico do que é politicamente correto
e. a piada, quando leva ao riso, não deve ser considerada preconceituosa e não é possível discriminar o que é cômico do que é politicamente correto.
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1) a minha opinião é a alternativa A
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é necessário distinguir humor de puro preconceito para evitar injustiças acabei de fazer, correta
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