Sociologia, perguntado por valdenecarvalho, 1 ano atrás

Leia o texto a seguir, publicado na Revista de História em 13/9/2007 por Angela de Castro Gomes sob o título de "Cheiro de Terra":

Sérgio Buarque de Holanda e Oliveira Vianna são dois clássicos do pensamento social brasileiro frequentemente tratados como autores de características opostas. Contudo, os conceitos de “cordialidade”, em Raízes do Brasil (publicado originalmente em 1936), e de “espírito do pré-capitalismo”, em História social da economia capitalista no Brasil (último livro do autor, escrito no fim da década de 1940 e publicado somente em 1987) ocupam uma posição que se pode chamar de equivalência estrutural nos dois livros. Assim, não se trata de minimizar as distinções entre os autores nem de admitir uma equivalência substantiva entre os conceitos. O fato é que ambos são construídos a partir de um diagnóstico sobre o Brasil que trabalha com um mesmo conjunto de elementos básicos e desembocam numa apreciação sobre “o homem brasileiro” surpreendentemente convergente.

Uma das razões que fazem de Raízes do Brasil um livro particularmente estimulante é o fato de não ser um texto fechado. Toda a análise do autor conflui para um dilema muito nítido, para o qual não se dá solução acabada. Este impasse, entretanto, não chega a ser trágico, uma vez que a análise nos acena com a possibilidade de transformar nossa própria dificuldade em vantagem. Já que ela não é um mal estrutural nem uma fatalidade insuperável, torna-se viável pensar e tentar uma saída que emerge como algo original e positivo. Este dilema pode ser percebido através do conceito de “cordialidade”, que não é tratado como uma essência própria, algo inato ao homem brasileiro, mas como uma “mentalidade”, ou seja, um produto cultural construído ao longo de nossa história. O “homem cordial” é o produto síntese da herança colonial portuguesa, responsável pela gestação de uma sociedade em que predominam relações sociais pessoalizadas, afetivas, particularistas e clientelistas. A cordialidade, que é nossa marca registrada, funciona ao mesmo tempo como um obstáculo e uma proteção. Obstáculo por bloquear a instauração de um verdadeiro espaço público democrático onde devem dominar relações sociais impessoais. Mas também uma proteção, pois pode evitar os excessos de uma sociedade moderna ultra-racionalizada, burocratizada e impessoal. É justamente um dilema como este que caracteriza História social, de Oliveira Vianna, e está sintetizado no conceito de espírito do pré-capitalismo. Ele traduz a convicção de que a superação total de uma “mentalidade” é impossível e transfigura uma condição de “atraso e inferioridade” em uma virtualidade capaz de apontar ao país um caminho específico que é, por isso, o mais adequado e melhor.

Além disso, nos dois livros, ambos os conceitos são produzidos a partir de um diagnóstico histórico que tem como momento fundamental o processo de colonização. Tanto Sérgio como Oliveira Vianna (e muitos outros), ao realizarem um esforço para compreender a sociedade brasileira, partem da interrogação sobre a existência ou não de uma “mentalidade”, de uma “cultura nacional”. Se ela existe, suas características só poderão ser traçadas e compreendidas a partir da experiência da colonização portuguesa, o que os remete à ocupação territorial e às questões da grande propriedade e do trabalho escravo. O eixo básico de análise articula nossa tradição rural escravista com as nossas mais profundas formas de pensar e sentir social e politicamente. O tipo de “mentalidade”, de “cultura brasileira” – cordial, pré-capitalista – tem cheiro de terra, não ama o trabalho, obedece ao pai de família e nasceu em Portugal. (Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/cheiro-de-terra).

Pautado no texto acima e nos conhecimentos sobre o trabalho de Sérgio Buarque de Holanda, responda: para o autor, a influência da colonização ibérica estaria pautada numa sociedade que privilegiaria, entre outros elementos, as grandes propriedades rurais e o trabalho escravo. De certa maneira, é possível afirmar que há uma persistência até os dias atuais deste tipo de organização social no país. Como, de acordo com Buarque de Holanda, isto se estabeleceu?

Soluções para a tarefa

Respondido por alcidesap123
10
SERGIO BUARQUI DE HOLANDA E OLIVEIRA VIANA SAO DOIS CLASSICOS DO PENSAMENTO TRATADOS COMO AUTORES DE CARACTERISTICA OPOSTOS EM 1936 PRÉ CAPITALISMO HISTORIA SOCIAL DECADA DE 1940 PUBLICADO EM 1987.
Perguntas interessantes