Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.
Lembrança de morrer
Neste poema,Álvares de Azevedo trata das questões que moveram a segunda geração: a morte, o amor e o sonho.
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto,o poento caminheiro
- Como as horas que um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
[...]
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu,foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu,eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz,e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida. -
Sombras do vale,noites da montanha,
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque,abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!
1. Que imagem o eu lírico utiliza para se referir à vida e à morte na primeira estrofe?
- Que expressão dessa estrofe sugere que o eu lírico considera a vida um lugar de sofrimento?Explique por quê.
2. Nas duas primeiras estrofes, o que pede o eu lírico àqueles que o conhecem?
a) A justificativa para esse pedido aparece na terceira estrofe, em que o eu lírico compara a morte a duas situações. Quais são elas?
b) Considerando essas comparações,explique de que maneira o eu lírico vê a morte.
c)Por que essa visão da morte indica a filiação desse poema à segunda geração romântica?
3.A que se refere o eu lírico nos versos a seguir?
"Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia".
- Explique, a partir de elementos do texto, qual é a visão de amor presente no poema.
4. No poema, o eu lírico faz referência à mulher amada. Ela tem existência real ou não? Justifique.
- Qual é a imagem de mulher presente no poema?
5. Explique por que o epitáfio com que o eu lírico pede para ser enterrado pode ser entendido como um lema ultrarromântico.
- Nas duas últimas estrofes, qual é a relação de proximidade e integração entre o eu lírico e a natureza?
Soluções para a tarefa
1º A vida é a ''fibra'' que o espirito em faça a dor vivie ; A morte é o momento em que no peito do eu lírico ocorre (rebenta-se a fibra)
-- A expressão é dor vivente, que associa a vida ao um lugar de dor aoqual o espreito esta ligado pela a vida.
2º O eu lírico pede que ninguém chore a sua morte e que nem uma alegria se cale diante dela.
a) Ele afirma que deixa a vida como gambiante em poeirado que deixa o tédio no deserto e como alguém que desperta de um pesadelo de toque de um sino .
b) Ambas situação sugere, que a morte, para o lírico é um alívio, uma libertação de uma situação de sofrimento.
c) A segunda geração se caracteriza pela visão da morte como saída para uma existência marcada pelo tédio e sofrimento.
3º A primeira oração: só levo uma saudade é tempo/minha mãe é professora de português, perguntei a ela.
--- Só levo uma saudades e desses tempos.
4º Não, porque ele esta sonhando com a bela moça, no romantismo ultra romântico o poeta descreve seus sentimentos e sonhos.
--- A imagem de uma santa e virgem
1) O eu-lírico utiliza de três imagens para representar a morte, sendo estas:
- A fibra que se arrebenta no peito.
- O espírito que enlaça a dor vivente.
- A lágrima que cai em pálpebra demente.
Todas as imagens envolvem o corpo do próprio eu-lírico.
Pode-se tomar a expressão "que o espírito enlaça a dor vivente", pois fica claro que o verso trata de sofrimento ao citar a palavra "dor". Os outros versos apresentam metáforas desse sentimento, mas não colocam diretamente a palavra que o representa.
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2) O eu-lírico pede que nenhuma lágrima seja derramada e que nenhuma alegria se cale por meio da tristeza.
a) Pode-se considerar a expressões:
- "Peito rebentar-se a fibra".
- "Espírito enlaça à dor vivente".
b) O eu-lírico vê a morte como algo que acontece repentinamente (rebentar-se), mas é capaz de rasgar algo considerado firme (a fibra).
c) Esta visão da morte indica a segunda geração romântica, pois apresenta as características da insatisfação e do pessimismo em seus versos, para além de ter como principal tema a morte.
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3) O eu-lírico de refere a um amor que foi uma ilusão para ele. Nestes versos, nota-se a presenta do sentimento de nostalgia quando é colocado "só levo uma saudade". Assim, o eu-lírico sente a nostalgia de um sentimento que não voltará mais.
O amor colocado é relacionado ao de uma "virgem dos errantes sonhos" e o eu-lírico desejava gozar dos amores dessa virgem, contudo, era uma esperança a qual permanece em sentimento de nostalgia. No entanto, ao fim de sua vida, poderão dizer que o poeta sonhou e amor na vida.
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4) Pode-se concluir que a amada não é real devido ao verso "é pela virgem que sonhei... que nunca aos lábios me encostou a face linda".
Por outro lado, o poeta pode ter usado da imagem de uma "virgem dos errantes sonhos" para descrever uma fase de sua "mocidade sonhadora". Assim, a amada pode ser uma projeção poética da juventude do eu-lírico.
A mulher é descrita como uma virgem errante e o poeta deseja beijar a sua "verdade santa e nua", expressão que pode ser referente ao corpo da virgem.
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5) Os versos podem ser considerados ultrarromânticos devido ao caráter de exacerbação do sentimento de pessimismo e aceitação da morte. Esta última fica explícita quando o eu-lírico pede as sombras do vale e as noites da montanha que protejam o seu corpo abandonado.
A relação com a natureza se demonstra em integridade quando o eu-lírico invoca nomes como a "preludia ave d'aurora", o céu, os arvoredos do bosque e os ramos para o deixarem ir, isto é, o levem em direção à morte. Esta invocação demonstra a proximidade do eu-lírico com a natureza.
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