História, perguntado por mellodaniela3045, 1 ano atrás

Leia o texto a seguir, escrito pelo geógrafo Milton Santos.

De que maneira a globalização afeta a soberania das nações, as fronteiras dos países e a governabilidade plena é uma questão que, volta e meia, ocupa os espíritos, seja teoricamente, seja em função de fatos concretos. Nesse terreno, como em muitos outros, a produção de meias-verdades é infinita e somos frequentemente convocados a repeti-las sem maior análise do problema. Há, mesmo, quem se arrisque a falar de desterritorialidade, fim das fronteiras, morte do Estado. Há os otimistas e pessimistas, os defensores e os acusadores.
Tomemos o caso particular do Brasil para discutir mais de perto essa questão, ainda que nossa realidade se aparente à de muitos outros países do planeta. Com a globalização, o que temos é um território nacional de economia internacional, isto é, o território continua existindo, as normas públicas que o regem são da alçada nacional, ainda que as forças mais ativas do seu dinamismo atual tenham origem externa. Em outras palavras, a contradi­ ção entre o externo e o interno aumentou. Todavia, é o Estado nacional, em última análise, que detém o monopólio das normas, sem as quais os poderosos externos perdem eficácia. Sem dúvida, a noção de soberania teve de ser revista, face aos sistemas transgressores de âmbito planetário, cujo exercício violento acentua a porosidade das fronteiras. Estes são, sobretudo, a informação e a finança, cuja fluidez se multiplica graças às maravilhas da técnica contemporânea. Mas é um equívoco pensar que a informação e a finança exercem sempre sua força sem encontrar contrapartida interna. Esta depende de uma vontade polí­ tica interior, capaz de evitar que a influência dos ditos fatores seja absoluta.
Ao contrário do que se repete impunemente, o Estado continua forte e a prova disso é que nem as empresas transnacionais nem as instituições supranacionais dispõem de força normativa para impor, sozinhas, dentro de cada território, sua vontade política ou econômica. [...] É o Estado nacional que, afinal, regula o mundo financeiro e constrói infraestruturas, atribuindo, assim, às grandes empresas escolhidas a condição de sua viabilidade. [...]
Mas a cessão de soberania não é algo natural, inelutável, automático, pois depende da forma como o governo de cada país decide fazer sua inserção no mundo da chamada globalização.
O Estado altera suas regras e feições num jogo combinado de influências externas e realidades internas. Mas não há apenas um caminho e este não é obrigatoriamente o da passividade. Por conseguinte, não é verdade que a globalização impeça a constituição de um projeto nacional. Sem isso, os governos ficam à mercê de exigências externas, por mais descabidas que sejam. Este parece ser o caso do Brasil atual. Cremos, todavia, que sempre é o tempo de corrigir os rumos equivocados e, mesmo num mundo globalizado, fazer triunfar os interesses da nação.

a) De acordo com o autor, a globalização é capaz de eliminar a soberania das nações? Justifique sua resposta utilizando trechos do próprio texto.

b) No caso do Brasil, como é explicada a coexistência da globalização e da autonomia do Estado?

c) Como o autor explica a relação de poder entre as multinacionais e o Estado?

Soluções para a tarefa

Respondido por Sabrinaalmeid4
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Olá,

a- Em uma parte do texto o autor afirma que "Ao contrário do que se repete impunemente, o Estado continua forte e a prova disso é que nem as empresas transnacionais nem as instituições supranacionais dispõem de força normativa para impor, sozinhas, dentro de cada território, sua vontade política ou econômica. [...]", ou seja Milton Santos afirma aqui que a globalização não é capaz de eliminar a soberania de um Estado, já que as transnacionais não possuem força para tomar decisões sobre o território sem o apoio do governo local.
 
b- No Brasil "
Com a globalização, o que temos é um território nacional de economia internacional, isto é, o território continua existindo, as normas públicas que o regem são da alçada nacional, ainda que as forças mais ativas do seu dinamismo atual tenham origem externa", ele afirma aqui que em última análise é o governo que detém o poder de colocar as normas em prática, ou tirar normas. Ele explica que mesmo que a globalização possua uma forte economia internacional dentro deste país, as leis ainda estão monopolizadas na mão governamental.

c- É como se existe uma aceitação de ambas as partes para que estas possam coexistir, em trecho ele afirma que "
O Estado altera suas regras e feições num jogo combinado de influências externas e realidades internas", e quando é necessário as empresas aceitam novas regras implantadas pelo governo. Este mesmo autor no texto afirma que não há um caminho, e que este não precisa ser necessariamente pacífico.
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