Leia o texto a seguir, em que o pesquisador Carlos Fico, em uma entrevista, apresenta sua investigação a respeito da Operação Brother Sam, um plano do governo dos Estados Unidos para, se necessário, intervir militarmente no Brasil e garantir o êxito do golpe de Estado de 1964. [...] Carlos Fico — A ideia de derrubar o presidente João Goulart consolidou-se, no final de 1963, em setores do governo dos Estados Unidos, em paralelo às conspirações que existiam no Brasil. Entretanto, havia já algum tempo que aquele país vinha tentando desestabilizar o governo brasileiro, financiando candidatos de oposição, emprestando dinheiro a governadores contrários a Goulart e patrocinando uma expressiva propaganda política que sugeria que o presidente conduziria o Brasil ao comunismo. Essas iniciativas estadunidenses, chocantes e inéditas, deviam-se à decisão que eles tinham tomado de impedir, a qualquer custo, que surgisse "outra Cuba" no continente americano. A Operação Brother Sam foi a culminância dessa postura intervencionista. O governo estadunidense enviou às costas brasileiras uma força-tarefa naval com um porta-aviões, um porta-helicópteros, seis contratorpedeiros (dois equipados com mísseis teleguiados), 100 toneladas de armas e quatro navios-petroleiros que traziam combustível para o caso de um eventual boicote do abastecimento pelas forças legalistas. A ideia era apoiar o governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, onde o golpe de 1964 começou, com o qual os Estados Unidos haviam combinado a estratégia da declaração de um governo alternativo, plano que foi rascunhado ainda em 1963. Havia a previsão de desembarque de tropas, de armas, e os generais brasileiros estavam informados de tudo isso. A Operação Brother Sam não chegou às costas brasileiras e poucos ficaram sabendo dela até os anos 1970. Ao contrário de todas as previsões, João Goulart não resistiu, de modo que o golpe de 1964 concluiu-se rapidamente com a vitória dos conspiradores. [Depois do golpe], o Brasil alinhou-se inteiramente aos Estados Unidos. [...] Há muitas novidades e documentos inéditos que divulgo no livro [O grande irmão: da Operação Brother Sam aos anos de chumbo], como a instalação, no Brasil, pelos militares estadunidenses, de um equipamento de detecção de explosões nucleares, sem o conhecimento do governo do Brasil, em base militar operada secretamente, ou o nome do general brasileiro que era o contato com os americanos para a operacionalização da Operação Brother Sam. Uma das coisas que mais me impressionou na documentação [dos arquivos estadunidenses] foi a imagem muito negativa que os funcionários do Departamento de Estado e o governo dos Estados Unidos em geral tinham do Brasil e dos brasileiros. [...] (FICO. C arlos. P or trá s d o g o lp e d e 1964. B oletim da FAPERJ. D isponível em : < w w w .fa p e rj.b r/? id = 1 3 9 1 .2 .2 >. A ce sso em : 22 jan. 2016). a) O que motivava os estadunidenses a tomarem essa postura intervencionista no Brasil? b) De acordo com as pesquisas de Carlos Fico, como seria realizada a Operação Brother Sam?
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a) Assim como os próprios militares brasileiros, a postura intervencionista norte-americana estava alinhada com o medo de que o Brasil se tornasse um país comunista, o que ia de encontro com os valores do capitalismo pregado pelos EUA.
b) a Operação Brother Sam seria realizada por meio do envio de tropas estadunidenses marítimas, como um porta-aviões, um porta-helicópteros, seis contratorpedeiros (dois equipados com mísseis teleguiados), 100 toneladas de armas e quatro navios-petroleiros que traziam combustível para o caso de um eventual boicote do abastecimento pelas forças legalistas
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