Leia o texto a seguir e responda:
"ESTE MUNDO DA INJUSTIÇA GLOBALIZADA
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um facto notável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do episódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não tarda.
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja. Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém da aldeia se encontrasse em vias de passamento. Saíram portanto as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens as lavouras e os mesteres, e em pouco tempo estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera de que lhes dissessem a quem deveriam chorar. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar.
Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. "O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino", foi a resposta do camponês. "Mas então não morreu ninguém?", tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: "Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta."
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras, metendo-os para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça.
JOSÉ SARAMAGO"
a) Qual a relação entre a Declaração dos Direitos Humanos com os partidos políticos, mencionada no texto, por Saramago? Comente.
b) Por que, para Saramago, o poder econômico é a real força que governa o mundo?
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a=O texto é uma critica aos direitos humanos, e implica que os direitos humanos são previlegios das pessoas que tem o poder econômico...
B=Saramago revela a relevância do dinheiro no mundo capitalista, e como no texto foi citado, as pessoas que o possuem tem exclusividades dos direitos que na teoria seriam para todos mas na pratica só os bem estruturados economicamente os possuem
B=Saramago revela a relevância do dinheiro no mundo capitalista, e como no texto foi citado, as pessoas que o possuem tem exclusividades dos direitos que na teoria seriam para todos mas na pratica só os bem estruturados economicamente os possuem
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a. O texto se relaciona com a Declaração dos Direitos Humanos ao criticá-los e apontar que esses direitos são privilégios das pessoas que detém o poder economicamente falando.
b. Para Saramago, o poder econômico é a real força de governança no mundo porque o dinheiro possui uma relevância enorme no mundo capitalista. Teoricamente, os direitos são universais, mas só quem usufrui verdadeiramente deles, são aqueles que podem pagar por eles ou torná-los mais acessíveis com o montante de dinheiro que possuem.
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