Leia o texto a seguir depois responda as questões abaixo:
O QUE MAL ELA SABIA
Ideia para uma história de terror: uma mulher vai ao dentista, e, enquanto espera a sua vez,
pega uma revista para folhear. É daquelas típicas revistas de sala de espera, na verdade apenas parte de
uma revista antiga, sem capas, caindo aos pedaços. A mulher começa, distraidamente, a ler um conto.
Começa pela metade, pois o começo do conto está numa das páginas perdidas da revista. E de repente a
mulher se dá conta que a história é sobre ela. Até os nomes - dela, do marido, de familiares, de amigos -
são os mesmos. Tudo que está no conto, ou naquele trecho do conto que ela tem nas mãos, aconteceu
com ela. A última linha do trecho que ela lê é: "E naquele dia, saindo para ir ao dentista, ela tomou uma
decisão: conquistaria a liberdade. Mal sabia ela que (continuava na página 93)". A mulher procura,
freneticamente, a página 93. A página 93 não existe mais. O pedaço da revista que ela tem nas mãos
termina na página 92. Ela é chamada para o consultório do dentista. Na saída, a boca ainda dormente
pela anestesia, pergunta para a recepcionista se pode levar aquela revista para casa. Qual revista? Uma
que estava ali... A recepcionista se desculpa. Fez uma limpa nas revistas enquanto ela estava lá dentro.
Botou tudo fora. Afinal, eram tão antigas...
"Não é possível", diz a mulher. "Você não sabe nem que revista era?"
"Desculpe, mas não sei. Não tinham nem mais capas."
A mulher sai do dentista apavorada. Com a frase na cabeça:
"Mal sabia ela que". Que o quê? Sim, tinha decidido conquistar sua liberdade. Pedir finalmente
divórcio ao Robert. Era a decisão mais importante da sua vida. Mas o que era que ela mal sabia? O que
lhe aconteceria? Voltou para a sala de espera. Suplicou à recepcionista. Precisava da revista. Não podia
explicar, mas a sua vida dependia daquela revista.
"Joguei pela lixeira", disse a recepcionista.
"A senhora não pode..." Mas ela já está na escada, descendo para o porão do prédio. Não podia
nem esperar pelo elevador. A revista. Precisava saber que revista era aquela. Uma Cruzeiro. Sim, parecia
uma Cruzeiro da década de 50. A Cruzeiro publicava contos? Não interessava. Procuraria na lixeira do
edifício. Descobriria a data da revista, de alguma maneira descobriria o fim daquele conto e o destino que
a esperava.
No porão, teve uma briga com um empregado do prédio que é meio débil metal.
"Não pode mexer no lixo não senhora."
"Mas eu preciso!"
"Não pode."
"Seja bonzinho!", diz a mulher. Como está ofegante, e com a boca anestesiada, o que ela
parece ter dito é "Você é um bandido".
"O quê?", diz o homem, avançado na sua direção. No caminho, ele pega uma barra de ferro.
(Zoeira. 5. ed. Porto Alegre: L&PM, 1987. P. 41 - 2)
a.
01. O conto fantástico normalmente é construído a partir da oposição entre dois planos: o plano real das
personagens, em que ocorrem fatos comuns, do tipo que realmente acontece ou pode vir a acontecer; e o
plano irreal, em que ocorrem fatos estranhos, insólitos, incompreensíveis.
a) Que situação do conto mostra fatos comuns, relacionados com o plano da realidade?
b) Que fato novo introduz no conto o plano irreal?
b.
Há, no conto, duas histórias que se inter-relacionam, como se num espelho uma fosse o reflexo da
outra. Entretanto, uma das histórias está concluída, e a outra não.
a) Qual das histórias ainda não chegou ao final?
b) Por que é importante para a protagonista (a mulher que está no consultório) conhecer o fim da história
publicada na revista?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Aqui:
1°) a) O fato de a personagem estar no consultório do dentista.
b) O fato de a história da revista que a pernagem está lendo ser a história da vida dela mesma.
2°) a) A da personagem.
b) Porque ela quer saber o que acontecerá em sua vida dali pra frente.
espero que tenha ajudado!
Resposta:
01-A) O FATO DE A PERSONAGEM ESTAR NO CONSULTÓRIO DO DENTISTA.
B) O FATO DE A HISTÓRIA DA REVISTA QUE A PERSONAGEM ESTÁ LENDO SER A HISTÓRIA DA VIDA DELA MESMA.
02-A)A DA PERSONAGEM.
B)ELA QUER SABER O QUE ACONTECERÁ EM SUA VIDA DALI PRA FRENTE.
03-A)ELE A MATA COM A BARRA DE FERRO. OU PELO MENOS A ATACA COM A BARRA DE FERRO.
B)SIM. MAL SABIA ELA QUE O PEDIDO DE DIVÓRCIO NÃO SE REALIZARIA PORQUE ELA FOI
MORTA NO PORÃO DO CONSULTÓRIO DO DENTISTA PELO FUNCIONÁRIO MEIO DÉBIL MENTAL.
04-A) TRÊS. A RECEPCIONISTA, A CLIENTE DO DENTISTA, O HOMEM.
B) TEMPO: A DURAÇÃO ENTRE A ESPERA E A SAÍDA APÓS A CONSULTA COM O DENTISTA.
ESPAÇO: O PRÉDIO DO CONSULTÓRIO DO DENTISTA (SALA DE ESPERA E PORÃO).
Explicação:
CONFIA