ENEM, perguntado por mTfla5v2ierapol, 1 ano atrás

Leia o texto a seguir:
Bem, é verdade que também eu não tenho piedade do meu personagem principal, a nordestina: é um relato que
desejo frio, Mas tenho o direito de ser dolorosamente frio, e não vós. Por tudo isto é que não vos dou a vez.
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Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de um sanduíche
de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não
faz falta a ninguém. Aliás - descubro eu agora – também eu não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro es-
creveria. Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem porque escritora mulher pode lacrimejar piegas.
Como a nordestina, há milhares de pessoas espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões
trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam.
Limito-me a humildemente – mas sem fazer estardalhaço de minha humildade que já não seria humilde - limito-me a
contar as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela.
(Clarice Lispector, A hora da estrela)
Assinale o fragmento em que o narrador, através de um recurso linguístico, busca dialogar com um possível leitor.
a) Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de um sanduíche de
mortadela.
b) Mas tenho o direito de ser dolorosamente frio, e não vós.
c) Aliás – descubro agora – também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria.
d) Como a nordestina, há milhares de pessoas espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões
trabalhando até a estafa...
e) (...) limito-me a contar as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela.

Soluções para a tarefa

Respondido por storckgalli
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d) Como a nordestina, há milhares de pessoas espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa...
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