Leia o texto a seguir: As mulheres negras [...], após a abolição dos escravos, continuariam trabalhando nos setores os mais desqualificados, recebendo salários baixíssimos e péssimo tratamento. Sabemos que sua condição social quase não se alterou, mesmo depois da Abolição e da formação do mercado de trabalho livre no Brasil. Os documentos oficiais e as estatísticas fornecidas por médicos e autoridades policiais revelam um grande número de negras e mulatas entre empregadas domésticas, cozinheiras, lavadeiras, doceiras, vendedoras de rua e prostitutas, e suas fotos não se encontram nos jornais de grande circulação do período – como o Correio Paulistano e o Estado de S. Paulo ou o Jornal do Comercio e A Noite, do Rio de Janeiro –, ao contrário do que ocorre com as imigrantes europeias. Contrastando com o texto das notícias que relatavam crimes passionais ou “batidas policiais” nos bordéis e casas de tolerância, nos jornais, as fotos ilustrativas revelavam meretrizes brancas, finas e elegantes, lembrando muitas vezes as atrizes famosas da época. RAGO, M. Trabalho feminino e sexualidade. In: História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. p. 582. A partir da leitura do texto, e com base em seus conhecimentos sobre o conceito de interseccionalidade, analise as afirmações a seguir:
I. A Abolição propiciou o ingresso das mulheres no mercado de trabalho livre, sendo que os postos de trabalho disponíveis para as mulheres negras foram os mesmos que os homens brancos ocupavam na época.
II. A noção de interseccionalidade procura evidenciar algumas minorias como alvos de processos cumulativos de subalternização. No caso descrito por Margareth Rago, nota-se que as mulheres negras possuíram menos destaque na imprensa pós-Abolição do que as mulheres brancas.
III. O feminismo, enquanto perspectiva que procura atribuir os mesmos poderes sociais a homens e mulheres, é incompatível com a questão da identidade negra.
IV. O texto evidencia a vulgarização e a exposição semelhantes que os jornais da época faziam sobre o corpo das mulheres, a despeito de serem negras ou brancas.
É correto apenas o que se afirma em:
Grupo de respostas da pergunta
II
I, II, III e IV
I e III.
I e IV
II, III e IV
Soluções para a tarefa
Resposta:
Apenas a II está correta
Explicação:
I errada, pois, segundo Margareth Rago, os trabalhos disponibilizados para as mulheres negras permaneceram sendo precários, muito desiguais em relação às ocupações disponibilizadas para os homens brancos do período.
II correta, pois o conceito de interseccionalidade procura evidenciar o acúmulo de violências simbólicas e/ou físicas que acometem determinados grupos sociais.
III errada, pois diversos grupos de mulheres negras reivindicaram, ao longo do século 20, a necessidade de se desenvolver uma perspectiva feminista sensível às questões étnico-raciais. Portanto, o feminismo é compatível com a luta do movimento negro.
IV errada, pois, de acordo com o texto, as mulheres negras praticamente não estavam presentes nos jornais da época. Por outro lado, as mulheres brancas – a exemplo das emigrantes europeias – eram representadas de maneira elegante, mesmo quando situadas em manchetes incompatíveis com essa representação.
Resposta:
II
Explicação:
Esta alternativa está correta, pois apenas a afirmação II é verdadeira. A afirmação I é falsa, pois, segundo Margareth Rago, os trabalhos disponibilizados para as mulheres negras permaneceram sendo precários, muito desiguais em relação às ocupações disponibilizadas para os homens brancos do período. A afirmação II é verdadeira, pois o conceito de interseccionalidade procura evidenciar o acúmulo de violências simbólicas e/ou físicas que acometem determinados grupos sociais. A afirmação III é falsa, pois diversos grupos de mulheres negras reivindicaram, ao longo do século 20, a necessidade de se desenvolver uma perspectiva feminista sensível às questões étnico-raciais. Portanto, o feminismo é compatível com a luta do movimento negro. A afirmação IV é falsa, pois, de acordo com o texto, as mulheres negras praticamente não estavam presentes nos jornais da época. Por outro lado, as mulheres brancas – a exemplo das emigrantes europeias – eram representadas de maneira elegante, mesmo quando situadas em manchetes incompatíveis com essa representação.