Leia o soneto a seguir, de Camões:
Amor, que o gesto1 humano n’alma escreve,
vivas faíscas me mostrou um dia,
donde um puro cristal se derretia
por entre vivas rosas e alva neve.
A vista2, que em si mesma não se atreve3,
por se certificar do que ali via,
foi convertida em fonte, que fazia
a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade4
causa o primeiro efeito; o pensamento
endoudece e cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera num momento,
de lágrimas de honesta piedade,
lágrimas de imortal contentamento.
CAMÕES, Luís, Rimas. Lisboa: Atlântida Ed., 1973, p. 137.
Notas: (1) gesto: rosto. (2) vista: olhos. (3) atreve: ousa. (4) brandura de vontade: sentimento terno, afetuoso.
No soneto, o poeta expressa as contradições do sentimento amoroso. No tratamento desse tema, o poeta:
A
utiliza recursos estilísticos próprios do barroco, como a antítese contida em “puro cristal se derretia”.
B
aborda exclusivamente o sofrimento provocado pela experiência amorosa, capaz de levar o ser humano às lágrimas.
C
consegue distanciar-se do tratamento barroco, expondo de maneira clara o raciocínio que conduz à conclusão lógica, bem ao gosto clássico renascentista.
D
rejeita comparações e símiles perturbadores do pensamento, optando por uma linguagem mais direta.
E
faz uso da personificação do sentimento amoroso e de metáforas representativas de traços do rosto da amada.
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Resposta:
Ifziffixifxfvkgvgkxufcg d
damitto:
Letra E
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