Leia o recorte do texto estudado durante a aula.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”
PESSOA, F. Mensagem. In: Mensagem e outros poemas afins seguidos de Fernando Pessoa e ideia de Portugal. Mem Martins: Europa-América [19-].
1. Nos dois primeiros versos do poema é possível reconhecer duas figuras de linguagem. Assinale a única opção que as discrimina CORRETAMENTE. *
a) A aliteração que se realiza através da repetição do fonema vocálico [e], e a prosopopeia que confere ao mar sentimentos tristes e fúnebres.
b) A comparação entre o mar e o céu, e a hipérbole cuja principal característica é a suavização de expressões eloquentes e arcaicas.
c) A metalinguagem que compara as lágrimas salgadas dos mares e a história triste e fúnebre das mães e noivas que sofreram com a ditadura portuguesa, e as rimas internas.
d) As rimas entre [sal] e [Portugal], e a Prosopopeia (também conhecida como Personificação) de Portugal que chora como se fosse um ser animado.
2. Releia os versos: “Quem quer passar além do “BOJADOR”/ Tem que passar além da dor.” Qual o efeito de sentido decorrente do emprego da palavra em destaque, e qual seu real significado? *
a) O verso faz referência ao Bojo, ou seja, ao corpo de toda a nação portuguesa, que é chamada por muitos estudiosos de Lusíadas.
b) Há neste verso uma clara referência à história de Portugal nos primórdios da Modernidade, pois o Cabo do Bojador fica na costa atlântica do Saara Ocidental, região envolta em mitologia até o final do século XV, quando Portugal o atravessou dando início às Grandes Navegações.
c) Metaforicamente, o Bojador é o instrumentista que toca o bojo, além de referir polissemicamente ao grande bojador da nação portuguesa Amadis de Gaula, patrono das novelas portuguesas.
d) O verso mimetiza o formato do bojo, ou seja, reproduz sua forma arredondada, corpulenta e refere-se também ao país mitológico do mar mediterrâneo.
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