Leia o poema o conhecido poema “Meus oito anos”, do poeta romântico Casimiro de Abreu.
Meus oito anos
Casimiro de Abreu (1839-1860)
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
...........................................
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Agora leia o poema “Ai que saudades”, de escritora de literatura infanto-juvenil Ruth Rocha
AI QUE SAUDADES...
Ruth Rocha (1931- )
Ai que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais...
Me sentia rejeitada,
Tão feia, desajeitada,
Tão frágil, tola, impotente,
Apesar dos laranjais.
Ai que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Não gostava da comida
Mas tinha que comer mais...
Espinafre, beterraba,
E era fígado e era fava,
E tudo que eu não gostava
Em porções industriais.
Como são tristes os dias
Da criança escravizada,
Todos mandam na coitada,
Ela não manda em ninguém...
O pai manda, a mãe desmanda,
O irmão mais velho comanda,
Todos entram na ciranda,
E ela sempre diz amém...
Naqueles tempos ditosos
Não podia abrir a boca,
E a professora era louca,
Só queria era gritar.
Senta direito, menina!
Ou se não, tem sabatina!
Que letra mais horrorosa!
E pare de conversar!
Oh dias da minha infância,
Quando eu ficava doente,
Ou sentia dor de dente,
E lá vinha tratamento!
Era um tal de vitamina...
Mingau, remédio, vacina,
Inalação e aspirina,
Injeção e linimento!
E sem falar na tortura:
Blusa de gola engomada,
Roupa de cava apertada,
Sapatinho de verniz...
E as ordens? Anda direito!
Diz bom dia pras visitas!
Que menina mais sem jeito!
Tira o dedo do nariz!
Que aurora! Que sol! Que nada!
Vai já guardar os brinquedos!
Menina, não chupe os dedos!
Não pode brincar na lama!
Vai já botar o agasalho!
Vai já fazer a lição!
Criança não tem razão!
É tarde, vai já pra cama!
Vê se penteia o cabelo!
Menina se mostradeira!
Menina novidadeira!
Está se rindo demais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Comparando os dois poemas, é correto afirmar:
( A ) Ruth Rocha faz um plágio do poema de Casimiro de Abreu, ou seja, uma cópia fraudulenta do primeiro texto, apresentando assim uma “imitação ou cópia de obra intelectual ou artística alheia como sendo de própria autoria” (Dicionário Caldas Aulete).
( B ) Ruth Rocha faz uma paródia do poema de Casimiro de Abreu, já que promove não só “a introdução de um novo sentido ao texto primeiro, mas sim uma completa alteração do significado do primeiro texto.” (FERRAZ, Salma).
( C ) Ruth Rocha faz um pastiche do poema de Casimiro de Abreu, uma vez que imita seu estilo com finalidade estética e lúdica, confirmando o sentido original do poema por meio processos de adaptação, apropriação e colagem de trechos do texto original.
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Olá,
A resposta é a letra B:
( B ) Ruth Rocha faz uma paródia do poema de Casimiro de Abreu, já que promove não só “a introdução de um novo sentido ao texto primeiro, mas sim uma completa alteração do significado do primeiro texto.” (FERRAZ, Salma).
Primeiro vamos compreender o que é um pastiche para entender porque não é ele, pastiche é uma forma de colar os versos de um autor sem modificar o sentido do texto ou poema, mas se notarmos a Ruth Rocha muito mudou o sentido, por isso o que vemos é uma paródia.
Ruth Rocha pega um texto que fala de qual bela era a infância de alguém e mostra em seu texto que nem todas as infâncias são tão boas de serem recordadas, algumas na verdade são bem difíceis, ela usa as formas de escrita mas muda o conteúdo.
A resposta é a letra B:
( B ) Ruth Rocha faz uma paródia do poema de Casimiro de Abreu, já que promove não só “a introdução de um novo sentido ao texto primeiro, mas sim uma completa alteração do significado do primeiro texto.” (FERRAZ, Salma).
Primeiro vamos compreender o que é um pastiche para entender porque não é ele, pastiche é uma forma de colar os versos de um autor sem modificar o sentido do texto ou poema, mas se notarmos a Ruth Rocha muito mudou o sentido, por isso o que vemos é uma paródia.
Ruth Rocha pega um texto que fala de qual bela era a infância de alguém e mostra em seu texto que nem todas as infâncias são tão boas de serem recordadas, algumas na verdade são bem difíceis, ela usa as formas de escrita mas muda o conteúdo.
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