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Confidência do itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres
e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 68.
O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-
-1987) nasceu e passou parte de sua infância em
Itabira, Minas Gerais. Nesse poema ele fala de Itabira
e da influência que essa cidade exerceu sobre ele.
01-Agora que você já leu o poema, faça o que se pede. 1. Identifique o verso que indica a origem do autor do poema, considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. *
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Resposta:
Principalmente nasci em Itabira. Terceiro verso do poema.
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