Português, perguntado por thiagoacioly3011, 10 meses atrás

Leia o fragmento do romance A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector e responda as

questões 1, 2, 3 e 4.

[...]

O apartamento me reflete. É no último andar, o que é considerado uma elegância. Pessoas

de meu ambiente procuram morar na chamada “cobertura”. É bem mais que uma elegância. É

um verdadeiro prazer: de lá domina-se uma cidade. Quando essa elegância se vulgarizar, eu,

sem sequer saber por que, me mudarei para outra elegância? Talvez. Como eu, o apartamento

tem penumbras e luzes úmidas, nada aqui é brusco; um aposento precede e promete o outro. Da

minha sala de jantar eu via as misturas de sombras que preludiavam o living. Tudo aqui é a réplica

elegante, irônica e espirituosa de uma vida que nunca existiu em parte alguma: minha casa é uma

criação apenas artística.

Tudo aqui se refere na verdade a uma vida que se fosse real não me serviria. O que decalca

ela, então? Real, eu não a entenderia, mas gosto da duplicata e a entendo. A cópia é sempre

bonita. O ambiente de pessoas semiartísticas e artísticas em que vivo deveria, no entanto, me

fazer desvalorizar as cópias: mas sempre pareci preferir a paródia, ela me servia. Decalcar uma

vida provavelmente me dava” ou dá ainda? até que ponto se rebentou a harmonia de meu

passado? –, decalcar uma vida provavelmente me dava segurança exatamente por essa vida não

ser minha: ela não me era uma responsabilidade. [...]

Quanto a mim mesma, sem mentir nem ser verdadeira “como naquele momento em que

ontem de manhã estava sentada à mesa do café” quanto a mim mesma, sempre conservei uma

aspa à esquerda e outra à direita de mim. De algum modo “como se não fosse eu” era mais amplo

do que “se fosse” uma inexistente me possuía toda e me ocupava como uma invenção. Somente

na fotografia, ao revelar-se o negativo, revelava-se algo que, inalcançado por mim, era alcançado

pelo instantâneo: ao revelar-se o negativo também se revelava a minha presença de ectoplasma.

Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência? [...]

01 -No fragmento do romance de Clarice Lispector “A Paixão segundo G.H.”, é possível notar que

a personagem faz uma reflexão sobre

(A) a vida em um contexto social.

(B) a vida em um contexto político.

(C) a sua própria vida e sua existência.

(D) a sua própria vida e o materialismo.

(E) a vida e as relações artísticas.

02 O romance é narrado em primeira pessoa. Qual o trecho, a seguir, que evidencia esse tipo de

narrador?

(A) “Pessoas de meu ambiente procuram morar na chamada “cobertura”. ”

(B) “É bem mais que uma elegância. ”

(C) “É um verdadeiro prazer: de lá domina-se uma cidade. ”
(D) “A cópia é sempre bonita. ”

(E) “Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência? ”

03 -Uma outra obra famosa de Clarice Lispector é

(A) Vidas secas.

(B) A hora da estrela.

(C) São Bernardo.

(D) Feliz ano velho.

(E) A metamorfose.

04 -As obras de Clarice Lispector correspondem ao período literário denominado

(A) Parnasianismo.

(B) Simbolismo.

(C) Romantismo.

(D) Modernismo.

(E) Arcadismo.​

Soluções para a tarefa

Respondido por CamilyVitoria2017
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Resposta:

1 letra A

2 letra B

3 letra C

4 letra C

Explicação:

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