Leia o fragmento da crônica de Alberto Villas, publicada em uma revista semanal, e responda às questões:
Reclamações aqui
Ultimamente, os brasileiros só não reclamam de uma coisa
1 Hoje cedo, enquanto esperava a água esquentar pra passar o café, estava pensando como as pessoas andam reclamonas. Reclamam de tudo, inclusive da Folha de S.Paulo, que está magrinha, chata e parcial, aqui em cima da mesa do café, ao lado do vidro de geleia sem açúcar, porque andam reclamando que não podem mais comer açúcar porque açúcar faz mal.
2 As pessoas andam reclamando dos médicos que não examinam mais os pacientes e só sabem pedir exames e mais exames. Andam reclamando do preço do estacionamento, do valor da conta de luz que aumenta a cada mês, da Net que vive caindo e do azeite que não tem mais gosto de nada, apesar do sofisticado rótulo dizer tratar-se de uma tiragem limitada, colheita noite de luar. [...]
3 Andam reclamando da Claro, da Tim, da Vivo e da Oi. Andam reclamando do dólar acima dos quatro reais, do vizinho que mistura lixo orgânico com o lixo reciclável e andam reclamando também dos produtos orgânicos, que eles desconfiam não serem orgânicos coisa nenhuma.
4 As pessoas andam reclamando da empregada doméstica que nunca aparece pra trabalhar na segunda-feira e da diarista que recebe 150 reais e sequer passa um pano em cima da geladeira.
5 Andam reclamando da televisão aberta que não tem nada que presta, da TAM que não computou as milhas de um voo que fez de São Paulo até a Cidade Maravilhosa e do biscoitinho que a Gol serve mesmo em voos tão longos.
6 Reclamam do estacionamento do shopping que ficou apertado, da fila do SUS, da fila do banco e até da fila de espera do restaurante Le Jazz, em Pinheiros.
7 As pessoas andam reclamando que nada funciona nesse país, da roubalheira generalizada, dos carteiros que estão em greve, das pessoas que vivem grudadas nos smartphones e não prestam mais atenção no que você está falando.
8 Pensando bem, as pessoas reclamam de tudo. Até do Chico Buarque estão reclamando. Só não vejo ninguém reclamando da Maria Julia Coutinho, a Maju, toda noite, maravilhosa no Jornal Nacional.
a) Você estudou que a linguagem da crônica está “muito próxima da oralidade”. Copie do texto dois trechos que contenham expressões próprias da linguagem coloquial. Substitua essas expressões por outras, próprias da linguagem formal escrita.
b) Que característica do gênero crônica pode ser exemplificada pelo último parágrafo do texto de Alberto Villas? Explique.
c) Segundo o texto lido em aula, “opera-se na crônica uma grande mistura de gêneros”. Pelas características de sua linguagem, o texto de Alberto Villas pode ser classificado como crônica narrativa ou como crônica dissertativa? Explique.
d) Com qual das reclamações mencionadas pelo cronista você se identifica? Que ação você sugeriria às pessoas que manifestam essa insatisfação?
Soluções para a tarefa
Resposta: Plurall msm mkkk
Explicação:
a) Respostas possíveis:
• “estava pensando como as pessoas andam reclamonas” (§ 1) – substituições: estão questionadoras atualmente; vivem reclamando atualmente.
• “que eles desconfiam não serem orgânicos coisa nenhuma” (§ 3) – substituições: de modo algum; de modo nenhum.
• “das pessoas que vivem grudadas nos smartphones”(§ 7) – substituições: estão sempre usando; usam constantemente; não abandonam;
b) O último parágrafo do texto pode exemplificar a descontração, a quebra da seriedade, o bom humor das crônicas. Um tema sério e grave como as insatisfações, reclamações e protestos da sociedade brasileira atual é arrematado com uma brincadeira irônica sobre a beleza de uma apresentadora de jornal televisivo.
c) Pode ser classificado como crônica dissertativa. O autor descreve comportamentos genéricos, não particularizados, para exemplificar uma tese, uma ideia: atualmente os brasileiros reclamam muito, de tudo. Não se trata de crônica narrativa, pois ele não narra uma história que evolui no tempo, não constrói um enredo com começo, meio e fim.
d) Respostas pessoais.