LEIA O EXCERTO A SEGUIR PARA RESPONDER À PRÓXIMA QUESTÃO:
"O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias,
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
[…]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida)".
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).
Questão 3. A obra “Morte e vida severina” é caracterizada como poesia de participação social. Considerando a temática, apresentada no excerto acima, justifique tal caracterização. A seguir, explique por que, no título, a palavra “morte” antecede a palavra “vida” e ambas são seguidas do adjetivo “severina”.
Questão 4. Os personagens sertanejos, típicos da segunda geração do Modernismo, aparecem também nas obras de Guimarães Rosa (Grande sertão: veredas), Clarice Lispector (A hora da estrela) e João Cabral de Melo Neto (Morte e vida severina). No entanto, pode-se dizer que o enfoque do sertanejo e do regionalismo, na terceira geração, é diferente. Por que é diferente?
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Resposta:
A partir da interpretação do poema, é possível perceber que o eu lírico expressa uma denúncia evidenciada no trecho “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”, pois existem vários “Severinos” que compartilham da mesma condição social: a de homem pobre e retirante nordestino, confirmada pelo texto II.
Explicação:
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