Português, perguntado por santiagosousa1p1onsp, 11 meses atrás

Leia, no 1º arquivo abaixo, uma manchete de uma notícia publicada no jornal Folha de São Paulo em 10 de setembro de 2001.

Estudante,

você achou estranha a mudança de assunto: da crônica para a notícia? O que tem a ver a notícia com a crônica? Para o escritor Moacyr Scliar, tinha muito a ver, pois suas crônicas, publicadas sempre às segundas-feiras, na Coluna Cotidiano, da Folha de São Paulo, eram “alimentadas” por fatos noticiados nesse veículo de comunicação. Quer conferir? Leia a crônica a seguir:

Cobrança
Moacyr Scliar

Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: "Aqui mora uma devedora inadimplente".
― Você não pode fazer isso comigo ― protestou ela.
― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.
― Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...
― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu?
Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.
― Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
― Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida.
Neste momento começou a chuviscar.
― Você vai se molhar ― advertiu ela. ― Vai acabar ficando doente. Ele riu, amargo:
― E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.
― Posso lhe dar um guarda-chuva...
― Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva. Ela agora estava irritada:
― Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.
― Sou seu marido ― retrucou ele ― e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação.
Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.

1) oque há em comum entre a manchete da notícia e q crônica ?
2) que aspectos dos contianos são narrados?
3)como o narrador apresenta as personagens?
4)houve algum elemento surpresa na narrativa?
5) é possível localizar o conflito? E como foi o desfecho?

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Respondido por beatrizmatos80
7

Resposta:

Explicação:

manchete de uma notícia publicada no jornal Folha de São Paulo em 10 de setembro de 2001.

Estudante,

você achou estranha a mudança de assunto: da crônica para a notícia? O que tem a ver a notícia com a crônica? Para o escritor Moacyr Scliar, tinha muito a ver, pois suas crônicas, publicadas sempre às segundas-feiras, na Coluna Cotidiano, da Folha de São Paulo, eram “alimentadas” por fatos noticiados nesse veículo de comunicação. Quer conferir? Leia a crônica a seguir:

Cobrança

Moacyr Scliar

Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: "Aqui mora uma devedora inadimplente".

― Você não pode fazer isso comigo ― protestou ela.

― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.

― Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...

― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu?

Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.

― Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...

― Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida.

Neste momento começou a chuviscar.

― Você vai se molhar ― advertiu ela. ― Vai acabar ficando doente. Ele riu, amargo:

― E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.

― Posso lhe dar um guarda-chuva...

― Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva. Ela agora estava irritada:

― Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.

― Sou seu marido ― retrucou ele ― e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação.

Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.

1) oque há em comum entre a manchete da notícia e q crônica ?

2) que aspectos dos con na Coluna Cotidiano, da Folha de São Paulo, eram “alimentadas” por fatos noticiados nesse veículo de comunicação. Quer conferir? Leia a crônica a seguir:tianos são narrados?

3)como o narrador apresenta as personagens?

4)houve algum elemento surpresa na narrativa?

5) é possível localizar o conflito? E como foi o desfecho?

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