Português, perguntado por stefenariana, 11 meses atrás

Leia este texto de Jô Soares e responda às questões:
O PERIGOSO VÍRUS
Não sei se é verdade, mas circula um boato nos meios da informática de que está sendo preparado um novo vírus de computador, feito especialmente para interferir nos programas que escrevem os discursos do presidente. A característica mais fantástica desse vírus é que sua influência, ao contrário dos outros, não aparece dentro da máquina, mas apenas na hora em que ele é instalado no teleprompter, aparelho que permite às pessoas lerem olhando diretamente para a televisão. É que se usa normalmente nos telejornais, e teme-se que o vírus depois se propague, mas a intenção inicial é colocá-lo apenas para os discursos presidenciais. Não há dúvida de que esse vírus vai revolucionar e dinamizar todos os pronunciamentos feitos à nação.
Os testes realizados têm sido muito promissores, mas ainda faltam alguns aperfeiçoamentos, pois, por mais que mexam na programação, o vírus ainda insiste em dar algum nexo a certos trechos do discurso. Os técnicos acham que esse pequeno problema poderá ser resolvido em pouco tempo, inclusive com o auxílio do próprio texto dos pronunciamentos. Já fico pensando nas maravilhas que poderiam acontecer. Oito horas da noite, todos sentados em frente à televisão, ansiosos pelas palavras do presidente, entra o emblema anunciando a cadeia nacional, contam-se os segundos regressivos e aparece a imagem simpática e descontraída do presidente Itamar. Olha direto para a câmara e começa:
Senhoras e senhores, moços e moças. É fundamental, antes de mais nada, que neste pronunciamento eu informe à nação que o rato roeu a roupa do rei de Roma.
Mas só os pessimistas não percebem que isso nunca impedirá o nosso desenvolvimento porque enquanto a aranha arranha a jarra, a jarra a arranha aranha.
É claro que ainda não dominamos a inflação, mas continua a nossa luta contra esse monstro, esse pato, que papou a pinta do Pluto, e o papa, num papo, passou um pito no Pepe, que pintava pipa no pé da papaia.
Aos detratores da nossa política econômica, respondo que o nosso desenvolvimento jamais se fará farinha farinhada, porque não esfarela farofa de farofeiro fazendo farol, e às favas o povo.
Evidentemente que o Brasil é um país de características próprias, pois se aqui nevasse aqui se usava esqui, mas como aqui não neva aqui não se usa esqui.
Não posso deixar de dizer também que não sou daqueles que se intimidam na hora da batalha. Quanto maior o desafio, maior o meu empenho prenhe de pinho de pamonha do pampa.
Finalmente, para terminar, pois já está na hora da novela, afirmo que é claro que, quando aqui cheguei, constatei na hora que aqui há eco e que aqui o eco há. E aos céticos que me perguntarem: “O quê? Aqui há eco? Aqui há eco? Que eco é?” Eu respondi sem medo: “É o eco que há cá!”
Questão 01. O texto presidencial se torna engraçado porque, ao término de cada parágrafo, ocorrem “quebras” que surpreendem o leitor. Que tipo de surpresa e essa?
Questão 02. Do ponto de vista da textualidade, as “quebras” que ocorrem no texto são de coesão ou de coerência?

Soluções para a tarefa

Respondido por brendaisis
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Diante do evidenciado, podemos compreender que a quebra é a quebra de expectativa que podemos observar no decorrer da leitura do texto, onde temos uma ideia apresentada e em seguida, a mesma é quebrada pela inserção de algo pouco relacionado com o que está sendo tratado.

As quebras nos permitem notar a presença das denominadas quebras de coesão, fazendo com que tenhamos uma surpresa diante do que está escrito, certamente.

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