Filosofia, perguntado por franciscamaciep6vtni, 1 ano atrás

Leia atentamente o texto que segue e as formulações de I a IV. Depois, escolha uma das alternativas que lhe pareça corresponder às formulações corretas. Há somente uma alternativa correta. Por fim, comente a resposta que você julga correta e explique também as demais alternativas que foram consideradas equivocadas.

“Os filósofos concebem os afetos com que nos debatemos como vícios em que os homens incorrem por culpa própria. Por esse motivo, costumam rir-se deles, chorá-los, censurá-los ou (os que querem parecer os mais santos) detestá-los. Creem, assim, fazer uma coisa divina e atingir o cume da sabedoria quando aprendem a louvar de múltiplos modos uma natureza humana que não existe em parte alguma e a fustigar com sentenças aquela que realmente existe. Com efeito, concebem os homens não como são, mas como gostariam que eles fossem. De onde resulta que, as mais das vezes, tenham escrito uma sátira e não uma ética e que nunca tenham concebido política que possa ser posta em aplicação, mas sim política que é tida por quimera ou que só poderia instituir-se na utopia ou naquele século de ouro dos poetas, onde sem dúvida não seria minimamente necessária. Como, por conseguinte, se crê que em todas as ciências que têm aplicação, mormente a política, a teoria é discrepante da prática, considera-se que não há ninguém menos idôneo para governar uma república do que os teóricos ou filósofos.”

I – Espinosa faz a defesa de que há uma natureza humana que aponta para a perfeição e que é papel dos filósofos denunciar a incoerência entre o que o humano deveria ser e o que o humano é.

II – de acordo com o texto, os filósofos, em lugar de uma ética, escrevem uma sátira, porque apenas se restringem a condenar o que consideram vícios e desvios de uma suposta natureza humana que não existe.

III – para o autor, os filósofos não seriam indicados ou seriam incapazes de governar uma república exatamente pela incapacidade que têm de pensar os humanos como eles são

IV – O comportamento humano, segundo o autor, não seria determinado por disposições naturais, portanto, os chamados “vícios” são tanto parte da natureza humana objetiva quanto as ações mais voltadas ao bem estar coletivo e que visam a felicidade. Isso coloca o debate sobre a ética num patamar diferente daquele que espera a realização de uma natureza humana.

Estão corretas as formulações:

a) II, III e IV

b) I, III, IV

c) II e III

d) I e III

Soluções para a tarefa

Respondido por Dricatco
9

a) II, III e IV

I - errada - (errada - aponta para os vícios, a perfeição não existe, os filósofos são caluniados por acreditar nesta perfeição)


paulabnd: Alguém pode me dizer se essa reposta está realmente certa? ( Me desculpe pela ignorância, é pq vi outras respostas diferentes).
camillakimberlly: A afirmação I está equivocada porque o autor afirma exatamente o contrário: partir de uma suposta natureza humana para analisar a realidade objetiva dos humanos apenas serviu para induzir a filosofia a erros.
camillakimberlly: A afirmação II está correta: para Espinosa, na tentativa de escreverem uma Ética, os filósofos acabaram produzindo uma Sátira, no sentido de que produziram apenas um discurso que explicitou os desvios e os vícios, ridicularizando a existência humana objetiva tendo como referência uma idealizada natureza humana.
camillakimberlly: A afirmação III está correta: seria uma qualidade importante para um bom governante a capacidade de conhecer e lidar com os humanos como são concretamente e não a partir de idealizações, como faz a filosofia criticada por Espinosa. A ideia platônica do rei filósofo seria de todo contraindicada por essa razão.
camillakimberlly: A afirmação IV está correta. Segundo Espinosa, não haveria uma natureza humana responsável pelas virtudes e boas ações, tornando as atitudes e valores que contradizem essas virtudes meros desvios e vícios condenáveis por não corresponderem ao modelo ideal.
camillakimberlly: (continuação IV) tanto as boas ações quanto as más devem ser compreendidas como produtos da mesma natureza objetiva humana, o que torna a Ética uma reflexão necessária sobre os valores e a conduta humana e não a afirmação de uma suposta natureza humana na qual cabe apenas as virtudes e que aguarda realização histórica.
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