Leia a texto a seguir:
O funk é uma prática de letramento local e identitária. Para compreendermos esse conceito, usamos como referência Ângela Kleiman (2010), que entende por letramento local as práticas de letramento vernáculas, não institucionalizadas, menos prestigiosas e menos visíveis que as práticas de letramento da escola, da universidade, da imprensa, entre outras instituições, que são práticas legitimadas globalmente. E por que uma prática identitária? Porque o funk representa, através das suas letras, o cotidiano, os anseios dos jovens da periferia. Freire (2012) argumenta que a atividade musical (o ato de ouvir ou cantar músicas) contribui para a construção de identidades:
[...] a música é responsável por demarcar épocas, grupos e usos e costumes e o ouvinte irá usar a sua compreensão do mundo, sua identidade, emotividade, para dar a ela um significado. O imaginário do sujeito está intimamente ligado ao seu território, onde ele pode se expressar, desenvolver uma identidade que atravessa a individualidade.
Assim, podemos entender o funk como uma prática de letramento local, potencial- mente identitária, como qualquer outra manifestação artística e cultural. Por outro lado, as letras do funk defendem a política do prazer, e não a política da lei das classes dominantes. Mesmo tão criticado por este segmento e pela cultura escolar tradicional, o funk espelha valores já enraizados em nossa sociedade, como a objetificação da mulher, a violência, a segregação social, e, por meio de símbolos e de um universo de códigos linguísticos genuínos, diz sobre a vida em favelas e periferias. Ainda, ao distanciar-se dos mecanismos de controle da mídia comercial dominante, pois a própria comercialização das músicas é feita por um mercado marginal, via internet, com economia própria, assume para si um tom de subversão. Esse conjunto confere ao funk e ao seu público uma identidade contestadora e desarraigada dos modelos sociais dominantes.
1. Quais são os argumentos utilizados pela autora para defender seu ponto de vista?
2. Você aceita os argumentos dela? Por quê?
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1- Os argumentos da mulher estão pautados na ideia da objetificação da mulher, violência e machismo, uma das principais características da cultura do funk, compreendido como uma vertente negativa.
2- Sim. Principalmente os funks atuais tem cada vez mais se afastado da origem "favela" e se tornado uma ferramenta midiática e lucrativa, por meio de exposição e objetificação de mulheres, de uma forma geral.
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