Leia a crônica “Conectar ou conversar?”, de Michael Kepp.
Conectar ou conversar?
A conexão virtual nos dá a ilusão de controle à distância, mas nem sempre é possível evitar mal-entendidos
Sem celular para mandar uma mensagem de texto ou um tuíte, eu uso o e-mail para me conectar com os amigos. Mas conectar-se em vez de conversar pode ser um perigo.
Os internautas podem trocar informações simples – marcar encontros ou mandar um abraço virtual a alguém – sem arriscar nada. Meus riscos aumentam quando e-mails viram monólogos* que eu edito* até achar que tenho controle sobre a mensagem. Então aperto “enviar”. Meus amigos fazem o mesmo.
Mesmo assim, ficamos chocados quando acontecem mal-entendidos. Por exemplo, é muito mais difícil de interpretar o tom de palavras impressas que o das palavras faladas. Assim, palavras em letras GARRAFAIS soam ameaçadoras e frases em tom de brincadeira podem parecer sérias. Por isso aprendemos “cibernormas”, como nunca escrever uma palavra inteira em maiúscula num e-mail e colocar o símbolo ;-) no final de frases ditas como brincadeira para evitar mal-entendidos.
A primeira vez que eu recebi um e-mail com o símbolo ;-), não enxerguei nenhum rostinho sorridente que piscava. Na resposta, acusei o amigo que me enviara a mensagem de me ofender. Ele me respondeu irado*, dizendo que o símbolo deixava claro que sua intenção não era séria. Foi nossa primeira briga em 20 anos, graças ao milagre da comunicação chamado internet.
Há pouco tempo, uma pessoa próxima respondeu por e-mail a uma crônica minha – sobre a diferença entre ser precavido* e preconceituoso –, que eu tinha enviado a ela e a 600 outras pessoas.
Por e-mail, acusou-me de ser extremamente preconceituoso com ela. E eu a acusei de aproveitar uma oportunidade de criticar minha crônica para me criticar pessoalmente. Digitalizamos esses desabafos porque a conexão virtual nos dá a ilusão de intimidade e controle à distância. Mas é uma mídia* “quente” em que acusações mútuas viram uma bola de neve.
Conversar é um meio de comunicação mais “morno”. Apenas em diálogos cara a cara, em tempo real, é possível trocar ideias de maneira sincrônica*, interromper, enxergar (no rosto do outro) que você ofendeu, ouvir a frase mágica “o que você disse me magoou”, pedir desculpas e mostrar (em seu rosto) sua sinceridade. Conversar revela quem você é a você mesmo e ao outro. Expor-se on-line propicia* a fantasia de que o ciberespaço* lhe dá um lugar para se esconder.
Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2016.
*Monólogo: fala/discurso feito por apenas uma pessoa, sem interação com outras.
*Editar: aprimorar um texto, para publicá-lo.
*Irado: zangado, irritado, raivoso.
*Precavido: que se previne, prevenido; preparado com antecedência para qualquer imprevisto.
*Mídia: suporte de difusão da informação; meio de vinculação de mensagem.
*Sincrônico: simultâneo.
*Propiciar: permitir, assegurar.
*Ciberespaço: espaço das comunicações por redes de computação; ambiente virtual criado pelo uso da internet.
Michael Kepp
Michael Kepp é um jornalista norte-americano que vive há décadas no Brasil. É autor de Sonhando com sotaque (2003) e de Tropeços nos trópicos: crônicas de um gringo brasileiro (2011), ambos publicados pela editora Record, e de Um pé em cada país, de 2015, publicado pela Tomo Editorial.
Agora responda, de acordo com as orientações de seu professor:
a) Michael Kepp afirma que “conectar-se em vez de conversar pode ser um perigo”. Essa frase revela uma opinião ou um argumento?
b) Quantos argumentos o autor utiliza para comprovar sua opinião?
c) Você concorda que conectar-se pode ser um perigo? Por quê?
d) Você prefere conectar-se ou conversar? Por quê?
Soluções para a tarefa
Resposta:
A)Bom, eu acredito que essa frase seja um argumento ruma opinião ao mesmo tempo.Pois há pessoas que realmente gostam de conversar online e outras já não.Pois bem como isto as vezes acaba se tornando um mal entendido, quando a frase ou e-mail no caso é interpretada errada.
B)Ele comprova em vários argumentos, até citando algumas ocasiões que já aconteceu com ele, por exemplo uma mensagem mal entendida por uma pessoa sobre a diferença entre ser precavido e preconceituoso.
C)Bom...eu concordo pois, normalmente enviamos uma mensagem com algo que não é para ser ofensivo, mais acaba sendo como o exemplo dele: “ Assim, palavras em letras GARRAFAIS soam ameaçadoras e frases em tom de brincadeira podem parecer sérias.”.
D) A d é pessoal
Se puder, e quiser(Caso goste da minha resposta, e estiver certa) coloca como melhor resposta?