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Karl Marx analisa as relações de poder advindas do processo de produção e consumo no século XIX e projeta algumas leituras sobre posicionamentos e ações futuras entre os sujeitos que compõem esse cenário.
Quais são essas relações e quem são os sujeitos envolvidos nesse processo?
Soluções para a tarefa
Resposta:
A dialética da produção e do consumo culmina na percepção de que uma relação permanente entre os dois termos significa a dependência recíproca de ambos e, ao mesmo tempo, a primazia do primeiro termo (da produção).
O consumo possibilita a produção a partir do momento em que todos os produtos de consumo são finitos, já a produção cria até mesmo formas específicas de se consumir cada produto (e formas de exclusão para aqueles que não sabem como um produto deve ser consumido).
Com base no texto Para Uma Crítica da Economia Política de Marx, resenhamos a relação entre produção e consumo. Continue lendo e entenda!
A dialética da produção e do consumo
Basicamente, a produção em si já é um ato de consumo. Isso porque o próprio ato da produção tem como pressuposto o consumo objetivo (das matérias-primas) e subjetivo (de si próprio):
Começando do ponto de vista subjetivo (que aqui significa do ponto de vista do trabalho do indivíduo, Marx explica que “ao produzir, [o indivíduo] está desenvolvendo as suas capacidades, está também dispendendo-as, isto é, consome-as no ato da produção, tal como na procriação natural se consomem forças vitais”.
Já do ponto de vista objetivo, a produção depende do consumo de matérias anteriores que lhes serviram de base.
Segundo o autor alemão, os economistas liberais separavam o momento do consumo com o da produção e admitiam que esta era destruída na hora do consumo: eles aceitavam a existência de uma forma de consumir no ato da produção, mas também faziam uma separação de um consumo “produtivo” com o consumo propriamente dito.
No entanto, Marx reitera que “o consumo é também imediatamente produção do mesmo modo que, na natureza, o consumo dos elementos e substâncias químicas é a produção das plantas. E claro que na nutrição, por exemplo – que é uma forma particular do consumo – o homem produz o seu próprio corpo. Isto é válido para toda a espécie de consumo que, por qualquer forma, produza o homem”.
O que produz o homem? Segundo Marx, não somente os nutrientes da alimentação, mas toda a experiência material, ou seja, toda a vida prática. Desta forma, consumo é imediatamente produção, assim como produção é imediatamente consumo.
Sendo assim, o consumo se transforma em uma produção de duas formas, 1) porque unicamente no ato do consumo que o produto de torna produto, “por exemplo: um terno só se torna realmente um terno quando é vestido; uma casa desabitada não é realmente uma casa”; 2) o consumo cria a condição para a produção, pois a necessidade nunca é plenamente satisfeita (já que o produto consumido é finito).
A produção, por sua vez, é consumo já que 1) fornece o objeto do consumo e, portanto, cria o consumo; 2) a produção cria, além do consumo, uma forma específica de se consumir, “A fome é a fome, mas a fome que é saciada com carne cozida e consumida com faca e garfo é diferente da fome do que devora carne crua e a come com a mão, com unhas e dentes”; e 3) a produção também cria o impulso pelo consumo, “O objeto de arte – e analogamente, qualquer outro produto – cria um público sensível à arte e capaz de fruição estética. Deste modo, a produção não cria só um objeto para o sujeito; cria também um sujeito para o objeto”.
Pierre Bourdieu: neste momento, percebemos que a crítica de Pierre Bourdieu à teoria estética com certeza bebeu de Marx. Segundo Bourdieu, a arte não é de nada absoluta: ela é aquilo que, num momento específico da sociedade e após diversas lutas, é denominado como arte. Mas para se ter o seno artístico, não basta saber o que é arte, também é necessário dominar a forma de fruição da arte. Sendo assim, a arte além de não ser próprio do objeto (arte não é absoluta) também não é própria do sujeito (ela não depende de um sentimento causado ao sujeito, como defendia a teoria kantiana, por exemplo).
Produção e consumo não são etapas distintas, mas se relacionam reciprocamente, “a produção, o objeto exterior, material, do consumo; o consumo, o objeto ideal da produção. Cada um dos termos não se limita a ser imediatamente o outro, nem o mediador do outro: mais do que isso, ao realizar-se, cria o outro, realiza-se sob a forma do outro”, explica Marx.
Além disso, podemos falar sobre a propriedade privada na produção. A produção é uma apropriação da natureza. É a transformação de um objeto anterior e tem como pressuposto a propriedade (mas não necessariamente a propriedade privada como temos atualmente). Desta forma, a produção precisa da propriedade, no entanto, a propriedade privada como conhecemos atualmente está ligada aos interesses de classe daqueles que detém a propriedade dos meios de produção e, portanto, a propriedade da própria forma de consumo e da distribuição dos produtos (e da distribuição dos próprios meios de produção).
Explicação:
Resposta:
b) Marx analisa o capitalismo a partir da relação de exploração da mais-valia do trabalhador pelo proprietário burguês, ou seja, a diferença entre o valor produzido pelo trabalho do operariado e aquilo que ele realmente recebe e que seria apropriado pelos donos das fábricas.
Explicação:
As relações analisadas por Marx são aquelas envolvidas no processo de produção e têm dois polos: os burgueses, detentores dos meios de produção, e os operários, que têm a força de trabalho. Para Marx, burgueses e operários estão numa relação desigual, em que o primeiro oprime e se apropria de parte do valor produzido pelo trabalho do segundo.