Jornal da República, 27 de agosto de 1979
Jornal
"As vítimas da anistia
Esta semana trará a anistia. Depois de longa expectativa e acidentada votação. Deveria ela constituir o primeiro passo efetivo e real da pacificação nacional, cicatrizando feridas abertas no curso de quinze anos de autocracia. Em lugar disso, será apenas o prólogo da reformulação partidária, tais as deformações que lhe desfiguram a fisionomia.
Uma e outra, o prólogo e a sequência, sofrerão de igual inspiração imperfeita: destinam-se a, do alto e de cima, tutelar a sociedade civil, sem atender às suas reivindicações. Enquanto a anistia, desviando-se da tradição brasileira, deixou ao desabrigo de suas normas uma categoria de dissidentes, alcunhados de terroristas, a reforma partidária não incorporará as forças e os grupos autônomos do país. (...).
Expedientes dessa ordem, particularistas e excludentes, tem o poder de, em pouco tempo, agravar o problema que se queria resolver. Uma larga faixa do povo brasileiro não terá voz nem expressão no quadro partidário a ser implantado. (...)
Se a anistia, em lugar de um grande gesto, foi apenas uma manobra política, deixou consequências que devem ser ressaltadas. Daqui por diante, os anistiados, os que reingressarem no país e os que se integrarem na vida política estarão confrontados à crítica, ao exame e à discussão. (...) Serão políticos como os outros, com a responsabilidade de prestar contas de seus atos e de suas palavras. (...)
Há, por obra da lei da anistia, além das vítimas do regime, as vítimas da anistia. Sobre elas desce a auréola que consagra os mártires. Não se queira, entretanto, que essa legião se transforme em todas as camadas do povo brasileiro, constrangido a votar em partidos que nada significam, senão o reflexo da vontade do poder."
Alternativas
(A) Inviabilizou a criminalização dos agentes da ditadura.
(B) Antecedeu a implantação do pluripartidarismo.
(C) Foi acompanhada de intenso apoio popular.
(D) Baniu da vida política seus líderes anteriores.
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(C) Foi acompanhada de intenso apoio popular.
A lei da Anistia teve promulgação em 27 de agosto de 1979 durante o governo do então presidente João Baptista Figueiredo. Com o objetivo de reverter as punições recebidas por alguns cidadãos brasileiros em relação a crimes políticos durante o período da ditadura militar (2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979).
A lei então passou a garantir o retorno dos exilados ao país e o restabelecimento de direitos políticos dos demais. Essa lei foi promulgada após uma ampla mobilização social e popular.
Bons estudos!
emsnuelaviz516:
Esta é uma das perguntas da ONBH.
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