Jogo-contra Tinha acabado de chegar do colégio quando Naldinho chamou pelo interfone: tá marcado, sábado, às onze. “Contra quem? Onde? E as camisas?”, eu mastigava as palavras com a afobação das estreias, e Naldinho respondeu que sim, tudo em cima com as camisas, o seu José tinha garantido, e a gente iria enfrentar o Estrela no campinho da rua Dois, que era lugar neutro. Aquele seria o primeiro jogo-contra do time do prédio e quase não almocei de tão nervoso. “Que foi? Tá sem fome? Tem bolo de batata”, as interrogações da mãe ecoavam pelos cômodos da casa, mas não consegui dar sequer um balbucio e voei para o quarto. Era necessário me concentrar. Depois soube que, além de mim, o time formaria com Zezin no gol, Magrão e Rodrigo Pelo na zaga. Naldinho vestiria a dez. – Fica paradão na frente. [...] – ele orientou, à moda de um técnico, e na verdade pouco importava, eu queria era jogar. Nos dois dias seguintes, o tempo se esticou como se, nas horas, pudessem caber mais do que sessenta minutos. Almocei, dormi, estudei, conversei e jantei o jogo, repassando os dribles e chutes que me dariam um brilho inédito diante dele. No sábado, às dez, já estava no campinho. Fui só. Embora quisesse muito levá-lo, no fundo temia uma derrota. [...] Antes de o jogo começar, Naldinho reuniu nosso grupo no centro do campo e decretou: – Sem medo [...]! Mas eu estava com medo. No equilibrado primeiro tempo, foi ele, Naldinho, o melhor em campo. A bola, contudo, chegou pouco ao ataque. No intervalo, Naldinho disse que a gente devia tentar chutes de longe. Estava certo. Faltando seis minutos para o fim, ele arrematou de perna direita, lá da intermediária. O goleiro do Estrela defendeu, mas soltou a bola, que sobrou à minha frente, limpa. Bati firme. Já no chão, soterrado pela algazarra dos outros, só pensava em chegar em casa e contar: – Pai, fiz o gol. O gol da vitória, pai. [...] MOUTINHO, Marcelo. Jogo-contra. In: Marcelo Moutinho. 2019. Disponível em: . Acesso em: 13 jan.2021. Fragmento. Nesse texto, no trecho “‘Que foi? Tá sem fome? Tem bolo de batata’” (2° parágrafo), as aspas foram
utilizadas para apontar os pensamentos do narrador.
apresentar o título de uma obra.
indicar a tradução de um trecho.
reproduzir a fala de uma personagem.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Letra d
Explicação:
Nesse texto, no trecho “‘Que foi? Tá sem fome? Tem bolo de batata’” (2° parágrafo), as aspas foram utilizadas para o que está posto na letra D) reproduzir a fala de uma personagem.
As aspas são sinais de pontuação usados para alguns quesitos importantes dentro de uma oração em textos, pois ajudam a facilitar a leitura.
Elas podem ser usadas para reforçar palavras, estrangeirismos ou expressões, além de que podem ser usadas para apontar citações. Em muitos casos, elas são usadas com o objetivo de ironizar alguma coisa.
No caso em questão, as aspas foram utilizadas para reproduzir a fala de uma personagem, para que o leitor possa entender que, na verdade, não é o narrador da história quem está falando, mas sim uma das personagens contidos na história.
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