interpretação do filme extraordinário
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Resposta:
Extraordinário: Conta a história surpreendente e emocionante do garoto August Pullman( Auggie) que nasceu com uma desordem craniofacial congênita e que pela primeira vez, irá frequentar uma escola regular, sempre estudou em casa e sua professora era sua própria mãe.
Explicação:
O filme Extraordinário é um bom filme para se trabalhar várias questões que atravessam os muros de nossas escolas. A escola tem que ser, necessariamente, o local da diversidade, da inclusão, do direito e das ações humanistas. Em nosso caso, sem esses requisitos, a educação não é pública e muito menos de todas e todos. É a partir dessas perspectivas que o filme torna-se interessante e rico em abordagens para exibirmos na escola. A trama principal ocorre no interior de uma escola e aborda as relações familiares, em que pese a realidade americana.
É um pacote fértil para debatermos nossa própria realidade. O personagem principal Auggie (Jacob Tremblay), de 10 anos de idade, nasce com uma grave deficiência craniofacial genética, passa por várias cirurgias em seu rosto e provoca nas pessoas as mais diversas reações discriminatórias. Recebe educação em casa e a família decide que é o momento de sair do isolamento social e conviver em sociedade, fundamento principal da condição humana. Sobre isso, a filosofa Dulce Critelli nos diz que, “O nosso nascimento é o começo dessa história; por meio dele somos lançados num mundo com um corpo, um sexo, uma família, um nome, uma condição social, um país uma época.” Ela ainda nos alerta para o fundamental da vida: “Embora não possa ser tirada dos ombros de ninguém, a responsabilidade pela existência é sempre compartilhada. Não há gesto, pensamento, crença, sentimento, desejo que brote e cresça na solidão”. É disso que o filme trata, a hora da convivência social para Auggie e o palco é a escola local da convivência: dos conflitos, das amizades, dos preconceitos, das angústias e das alegrias.
A partir desse momento nosso personagem terá que enfrentar a sala de aula e todos os espaços da escola, como o pátio, que para ele é o pior lugar. Local importante de socialização, de brincadeiras, do correr livre, das amizades, das paixões, mas também o pátio pode ser cruel, carregado de preconceitos, discriminações, racismo e diversos tipos de violências. É assim que vai enfrentar a vida escolar, com as poucas amizades verdadeiras e os muitos preconceitos entre estudantes e seus familiares. A aparência de Auggie causa estranheza e repugnância e para muitos o simples contato seria capaz de transmitir, assim como um vírus, uma doença incurável. Nesse contexto, nosso personagem tem que enfrentar o primeiro dia de aula e construir sua vida social.
Muitas vezes, nossos estudantes espalhados pelas diversas escolas, passam por tudo isso, principalmente, se a escola não tiver um olhar inclusivo, um projeto político pedagógico em que todos (as) sejam considerados sujeitos dotados de direitos. Essa questão é, ainda nos dias de hoje, um grande desafio no ambiente escolar e na sociedade em geral. Assim como no filme, a escola, muitas vezes, reproduz as relações opressoras e excludentes construídas historicamente e socialmente no interior da sociedade, principalmente, se não adotarmos uma postura inclusiva e humanista. O filme Extraordinário nos provoca a pensar na possibilidade de construirmos uma outra sociedade, na qual “talvez possamos mudar nosso jeito de ver” o ser humano. Sem essa postura, nossos conteúdos são vazios, sem sentido e destinados ao esquecimento pelos próprios estudantes.
Além disso, o filme apresenta outras questões que aparecem de forma secundária, como o racismo, mas para a escola é de fundamental importância. Quantas meninas e meninos negros (as) sofrem o racismo de tantas consequências nefastas para suas vidas? Na escola, diversas vezes, o racismo se constitui a forma mais perversa na tentativa de diminuir e/ou destruir a humanidade das pessoas. Dois personagens negros do filme são centrais nesse debate, Summer, a amiga negra que sofre preconceito e Justin, o namorado negro de sua da irmã Olivia.
Um outro detalhe interessante do filme e também uma grata surpresa, foi o pequeno papel interpretado pela atriz brasileira Sônia Braga. Ela aparece em uma rápida cena, como avó dos irmãos, Auggie e Olivia (Izabela Vidovic), a única que percebe a solidão da irmã, relegada a um segundo plano na família, devido aos cuidados que Auggie requer. É ela que tem tempo e disponibilidade de oferecer amor e carinho que tanto a irmã esquecida sente falta. Vale lembrar que Sônia Braga atuou em filmes nacionais importantes e citando os mais recentes, Aquarius e Bacurau que retratam nossa realidade.