interpretação de texto sobre A felicidade cladestina
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ARMAZÉM DE TEXTO
"Aos outros dou o direito de ser como são, a mim dou o dever de ser cada dia melhor" Chico Xavier
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
TEXTO: FELICIDADE CLANDESTINA - CLARICE LISPECTOR - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO
Texto: Felicidade clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa.
Entendendo o texto:
Oᒪᕼᗩ ᗴᑌ Iᗩ ᖇᗴՏᑌᗰIᖇ O ᒪIᐯᖇO ᗩᑫᑌI ᑎO ᗷᖇᗩᑎᒪY ᗪᗩI ᗴᒪᗴ ᑎ̃ ᗩO ᗪᗴ᙭Oᑌ ᗰᗩIՏ ᑕOᒪOᑫᑌᗴI O ᑕOᗰᗴᑕ̧O ᗪO ᒪIᐯᖇO ᗴ ᗩՏ ᑭᗴᖇᘜᑌᑎTᗩՏ ᗴ ᗩՏ ᖇᗴՏᑭOՏTᗩՏ ᑫᑌᗴ ᗩᑕ̧ᕼᗴI ::::
01 – O texto é narrativo, pois há o relato de certos fatos que ocorreram em uma determinada época e lugar. Quem conta a história e em que pessoa?
Narrador - personagem, em 1ª pessoa, uma menina que sonha ler Reinações de Narizinho.
02 – Felicidade clandestina é um conto (narrativa curta com poucas personagens e lugar delimitado). Qual é a situação apresentada no início do texto?
Uma menina que gosta de ler tem uma amiga muito perversa que é filha de dono de uma livraria.
03 – O que faz com que essa situação inicial se modifique, instaurando o conflito?
A menina que gosta de ler livros é informada pela filha do dono da livraria de que ela possuía Reinações de Narizinho, livro muito desejado pela narradora.
04 – Como se desenvolve a situação?
A dona do livro começa a torturar a narradora sempre adiando o empréstimo do livro.
05 – Em um dado momento, a situação se agrava, chegando-se ao clímax (maior tensão) na história. Por quê?
Porque a mãe da dona do livro passa a interferir na história.
06 – Estabelece-se uma nova situação, o desfecho do conto. Que situação seria essa?
A menina fica com o livro emprestado por tempo indeterminado.
07 – Uma das colegas da sala da narrada tinha acesso fácil aos livros, isso porque o pai dela era dono da livraria. Por que ela não presenteava as colegas, nos aniversários, com livros?
Porque ela não desse importância aos livros, pois ela não daria essa alegria de dá livros a quem gostava.
08 – A atitude vingativa da colega foi se intensificando com o tempo?
Sim, porque a filha do dono da livraria começou a planejar certas situações cruéis, não querendo limitar as humilhações já impostas a colega.
09 – Leia: 'Como casualmente, informou-me que possuía Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato'. O que o emprego da expressão em destaque indica?
A narradora reconheceu o fingimento da filha do dono da livraria, pois ela tinha intenção de iludir e de torturar a narradora.
10 – Depois de ter consciência dos fatos e ainda profundamente surpresa, a mãe tomou suas decisões. Com base no comportamento da mãe, que se pode dizer sobre o relacionamento dela com a filha?
A filha era ruim, com atitudes que a mãe não concordava, deixando-a surpresa.
11 – As frequentes visitas à casa da colega de escola, em busca do livro tão cobiçado, despertaram a atenção da mãe da garota. Qual foi a consequência da tortura executada tão lentamente?
A dona do livro emprestou por tempo indeterminado o livro a narradora.