Intelectuais de retaguarda
A revista "The Economist" mostrava no início deste ano que as epidemias tendem a ser menos letais em países democráticos devido à livre circulação de informação. Mas, como as democracias estão cada vez mais vulneráveis às "fake news", teremos de imaginar soluções democráticas assentes na democracia participativa no nível dos bairros e das comunidades e na educação cívica orientada para a solidariedade e a cooperação, não para o empreendedorismo e a competitividade a todo custo (...)
Por muitas razões, tenho defendido que o tempo dos intelectuais de vanguarda acabou. Os intelectuais devem aceitar-se como intelectuais de retaguarda, devem estar atentos às necessidades e às aspirações dos cidadãos comuns e saber partir delas para teorizar. De outro modo, os cidadãos estarão indefesos perante os únicos que sabem falar sua linguagem e entender suas inquietações. Em muitos países, esses são os pastores evangélicos conservadores ou os imãs do islamismo radical, apologistas da dominação capitalista, colonialista e patriarcal.
Boaventura de Sousa Santos
Trecho escrito pelo Professor e filósofo português no livro "A Cruel Pedagogia do Vírus", de Boaventura de Sousa Santos (editora Boitempo)
1)Com base no texto acima, responda: qual o papel dos pensadores e dos intelectuais no mundo pós-pandemia?
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