(INSPER – SP)
Sempre desconfiei
Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil recordar o que vimos despertos e de olhos bem abertos, imagine-se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos fechados... Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro de que, quando menino, minha gente acusava-me de inventar os sonhos. O que me deixava indignado.
Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão.
Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não nos espantamos de nada. Sonhas, por exemplo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já morreu. E daí? A conversa continua.
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Infere-se que a principal justificativa para a expressão contida no título e no primeiro período do texto é:
> Na reconstituição dos sonhos, a mente reorganiza de maneira coerente o que se consegue lembrar.
A expressão contida no título e no primeiro período do texto é "sempre desconfiei".
Agora, temos que encontrar no texto a justificativa para essa expressão, ou seja, porque o autor sempre desconfiou de narrativas de sonhos.
A explicação está em "Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem querer, nas ocasionais variações de um caleidoscópio".
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