"Inseguros, empobrecidos, com dificuldade de locomoção, acesso precário à saúde, à educação e a outros serviços. A má qualidade de vida dos idosos brasileiros é uma realidade que pode ser notada diariamente, tanto nas grandes cidades quanto na zona rural." (Coletânea Ética e Sociedade I, 2015, p. 37). A partir do contexto descrito nesse fragmento, qual dos poemas a seguir melhor retrata ou mais se aproxima à situação e ao sentimento de abandono ou solidão sofrido por muitos idosos?
(A)
É bom envelhecer!
Sentir cair o tempo,
magro fio de areia,
numa ampulheta inexistente!
Passam casais jovens
abraçados!...
As árvores
balançam novos ramos!...
E o fio de areia
a cair, a cair, a cair...
(Saúl Dias)
(B)
Todos nasceram velhos ? desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre ? sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 ? enorm'idade.
[...]
(Carlos Drummond de Andrade)
(C)
Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.
Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.
Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.
Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.
Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.
(Cecília Meireles)
(D)
Velho cego, choravas quando a tua vida
era boa, e tinhas em teus olhos o sol:
mas se tens já o silêncio, o que é que tu esperas,
o que é que esperas, cego, que esperas da dor?
No teu canto pareces um menino que nascera
sem pés para a terra e sem olhos para o mar
como os das bestas que por dentro da noite cega
- sem dia ou crepúsculo - se cansam de esperar.
Porque se conheces o caminho que leva
em dois ou três minutos até à vida nova,
velho cego, que esperas, que podes esperar?
Se pela mais torpe amargura do destino,
animal velho e cego, não sabes o caminho,
eu que tenho dois olhos te posso ensinar.
(Pablo Neruda)
(E)
A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas;
Quando se vê, já é sexta-feira;
Quando se vê, já terminou o ano;
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
E agora, é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,
A casca dourada inútil das horas.
[...]
(Mário Quintana)
A partir do contexto descrito no fragmento, qual dos poemas acima melhor retrata ou mais se aproxima à situação e ao sentimento de abandono ou solidão sofrido por muitos idosos?
(A) Saúl Dias
(B) Carlos Drummond de Andrade
(C) Cecília Meireles
(D) Pablo Neruda
(E) Mário Quintana
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Acredito que seja o poema C, da Cecília Meireles.
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A alternativa é a Letra C)Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.
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