INCLASSIFICÁVEIS
que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?
que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes
orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs
somos o que somos
inclassificáveis
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não há sol a sós
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.
somos o que somos
inclassificáveis
que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,
não há sol a sós
egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol
de Arnaldo Antunes
1) Além de compositor, Arnaldo Antunes é poeta visual, dai o cuidado especial que tem com a forma dos textos. Algo chamou a sua atenção em relação ao aspecto formal de ''Inclassificáveis''? Releia o texto, se necessário.
2) Anáfora é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma mesma palavra ou construção no inicio de períodos, frases, orações ou verso.
A) Em quais versos o poeta se vale desse recurso?
B) Que efeito expressivo tem a anáfora no texto?
3) A pontuação é um importante recurso na construção do sentido do poema.
A) Na primeira estrofe, o eu lirico protesta contra a separação no texto? Formaram o povo brasileiro. Como é marcada essa separação no texto?
B) Na segunda estrofe não há pontuação. Infira: qual a relação desse recurso com o sentido construído no texto?
4) Na canção ''Inclassificáveis'', Arnaldo Antunes cria uma série de neologismo.
A) Cite alguns deles e explique sua formação.
B) Tendo em vista sua visão integral do texto, explique a função dos neologismo na construção do ponto de vista defendido pelo autor.
5) Ao usar os substantivos no plural, o autor ressalta a pluralidade de etnias que compoem o povo brasileiro. Com base nessa afirmação, como você interpretaria o verso ''não há sol a sós''?
GENTE ASSIM EU PRECISO MUITO DA AJUDA DE VOCÊS POR FAVOR E PRA HOJE ESSA TAREFA TAMBÉM QUEM PUDER ME AJUDAR EU AGRADEÇO POR FAVOR ME AJUDA
Soluções para a tarefa
1. Chama a atenção a falta de pontuação em algumas estrofes e ausência de letras maiúsculas.
2.
a) Nos versos iniciais ("que preto, que branco, que índio o quê?") e nos versos intermediários ("não tem um, tem dois/ não tem dois, tem três...").
b) A repetição enfatiza a indignação do eu-lírico quanto à matriz clássica de formação do povo brasileiro ("branco+negro+índio"). E ressalta a pluralidade de etnias através da oposição ("não tem cor, tem cores")
3.
a) Com vírgulas.
b) A falta de pontuação sugere que não há separação entre as diversas etnias formadas, ou seja, é uma forma de destacar a mistura, a miscigenação do povo brasileiro.
4.
a) "Crilouros" = crioulos + louros
"Guaranisseis" = guarani + nisseis
"Judárabes" = judeus + árabes
b) Esses neologismos retratam, através da linguagem, a miscigenação característica do povo brasileiro.
5. "não há sol a sós''
>> O sol seria um símbolo de vida e de luz. Assim, entende-se que não há vida sozinho (a sós).
Bons estudos!
1. O que chama a atenção no aspecto formal do texto é:
- a predominância de substantivos;
- o uso de neologismos (palavras inventadas);
- a falta de vírgulas entre os substantivos listados;
- o uso de anáforas.
2. a) O recurso da anáfora está presente nos seguintes versos:
"que preto, que branco, que índio o quê? / que branco, que índio, que preto o quê? / que índio, que preto, que branco o quê?"
"não tem um, tem dois, / não tem dois, tem três,/ não tem lei, tem leis, / não tem vez, tem vezes, / não tem deus, tem deuses / não há sol a sós"
b) A anáfora atribui um tom de protesto ao texto, pois enfatiza a opinião do eu lírico de que não é possível classificar as pessoas em grupos raciais únicos (ou você é branco, ou você é negro ou você é índio). Ele ressalta que não é possível fazer essa separação de identidade.
3. a) Essa separação é marcada pelo uso de vírgulas.
>> Note como as vírgulas em "que preto, que branco, que índio o quê? / que branco, que índio, que preto o quê? / que índio, que preto, que branco o quê?" destacam, visualmente, essa separação entre brancos, negros e índios.
b) A falta de vírgulas na segunda estrofe destaca, visualmente, a ausência de separação entre esses grupos étnicos.
Assim, se destaca que, na verdade, os brasileiros são a mistura dessas três raças: brancos, negros e índios.
4. a) Alguns neologismos na canção e sua formação:
Guaranisseis: guaranis (povos indígenas) + nisseis (descendentes de japoneses)
Orientupis: orientais + tupis
Judárabes: judeus + ára
bes
Ameriquítalos: americanos + ítalos
Iberibárbaros: ibéricos + bárbaros
Ciganagôs: ciganos + nagôs
Tupinamboclos: tupinambás + caboclos
Americarataís: americanos + carataí
Egipciganos: egípcios + ciganos
Yorubárbaros: yorubás + bárbaros
Orientapuias: orientais + tapuias
Mamemulatos: mamelucos + mulatos
Tropicaburés: tropicais + caburés
Chibarrosados: chibarros (mestiços) + rosados
Mesticigenados: mestiços + miscigenados
b) A função dos neologismos é destacar que Arnaldo Antunes defende uma visão mais plural sobre a formação do povo brasileiro, ou seja, os brasileiros seriam mais que a mistura de brancos, negros e índios.
Outros grupos étnicos também contribuíram para a nossa formação. Por isso, ele recorre a neologismos que misturam várias etnias.
5. O verso "não há sol a sós" pode ser entendido com o sentido de que a pluralidade prevalece sobre o singular (por isso ele usa o plural de "só", isto é, "sós", em vez do plural de "sol", que seria "sóis") e de que não poderia haver vida ("sol") na solidão ("a sós").
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