Imagine que você acaba de ser contratado(a) como auxiliar contábil de um escritório especializado em empresas rurais. A partir de agora você terá que contabilizar um ser vivo; uma planta que é cultivada até se tornar um produto comercializável. Mas você sabe realizar o processo de contabilização de um ativo biológico? Os registros dos fatos contábeis evidenciam a movimentação dos elementos patrimoniais, assim, o registro busca representar o que o fato provocou no patrimônio de uma entidade contábil. No caso da contabilidade rural é a mesma coisa, é preciso conhecer os fatos que ocorrem em empresas rurais e buscar efetuar o registro de forma a evidenciar as alterações provocadas. Na contabilidade, como você registraria um animal, uma planta, uma fruta, uma verdura, enfim, ativos biológicos, seres vivos os quais fazem parte da rotina de uma empresa rural? Com certeza, para efetuar o registro dos ativos biológicos você precisaria conhecer a atividade rural, compreender o processo de cultivo do animal ou do vegetal e qual a sua finalidade para a empresa rural. De acordo com CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola (online), a atividade agrícola “é o gerenciamento da transformação biológica e da colheita de ativos biológicos para a venda ou para a conversão, pela entidade, em produtos agrícolas ou em ativos biológicos adicionais”. Dessa forma, dependendo de como é o processo de transformação do ativo biológico, a contabilidade também terá processos de registros diferenciados. CPC. Pronunciamento Técnico CPC 29: Ativo Biológico e ProdutoAgrícola. Brasília: CPC, 2009. Na contabilidade agrícola existem basicamente duas formas de culturas que exigem processos de contabilização específicos: culturas temporárias e culturas permanentes. Descreva o processo de contabilização de cada uma delas.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Culturas temporárias são culturas sujeitas ao replantio após a colheita, ou seja, são arrancadas da terra para que seja feito um novo plantio, como é o caso do milho, do feijão, do arroz etc.
Na cultura temporária, todos os custos com a formação do plantio — como sementes, mudas, fertilizantes, inseticida, mão de obra, demarcações, depreciação de tratores, entre outros — são contabilizados no Ativo Circulante na conta “Cultura Temporária” e em uma subconta com nome “Cultura em Formação”, classificada como “Estoque”. Quando a colheita terminar, essa conta será baixada para a conta “Produtos Agrícolas”.
Culturas permanentes são aquelas que estão vinculadas ao solo, duram mais de um ano e dão mais de uma colheita, como a citricultura (laranja, limão etc), as árvores frutíferas (cajueiro, jaqueira, mangueira, goiabeira etc), cana-de-açúcar, cafeicultura e outros.
Na cultura permanente, todos os custos necessários para a formação do plantio, como sementes, adubação, formicidas, herbicidas, produtos químicos, seguro de safra, entre outros, serão lançados no Ativo Não Circulante — Imobilizado, sub-conta “Cultura Permanente em Formação”. Depois da formação da cultura — etapa que pode levar até alguns anos — transfere-se o valor da conta “Cultura Permanente em Formação” para a conta “Cultura Permanente Formada”. A partir daí, a conta não pode mais receber custos e, após a colheita ou a partir da primeira produção, os custos adicionais são lançados no Ativo Circulante — Estoque, na conta “Colheita em Andamento”.
Essa cultura deverá ser corrigida monetariamente por ser parte do Imobilizado desde o início da formação. A partir da primeira produção, deve ser reconhecida a sua depreciação. Assim que a colheita for concluída, o total acumulado é transferido da conta “Colheita em Andamento” para a conta “Produtos Agrícolas”.
Caso ainda haja mais custos como acondicionamento, beneficiamento ou qualquer processo semelhante aplicado aos produtos, eles também são lançados nessa conta. Quando ocorrerem as vendas, transfere-se os valores desses custos da conta “Produtos Agrícolas” para a conta “Custo de Produtos Vendidos”.