história de Spartacus
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Apesar de sua merecida fama como um grande líder revolucionário e um dos mais espetaculares generais da Antiguidade, não sabemos muito sobre Spartacus em si. Como a história é escrita pelos vencedores, as vozes dos inúmeros escravos foram ouvidas apenas a partir de relatos redigidos por seus opressores. As escassas informações que possuímos sobre Spartacus foram fornecidas por historiadores romanos e, portanto, hostis à revolta. São, em grande parte, contraditórios.
Há outros líderes da Terceira Guerra Servil cujos nomes conhecemos: Crixus, Gannicus, Oenomaus e Castus – gladiadores da Gália e da Germânia; mas sabemos ainda menos sobre eles. Aqueles que escrevem a história tendem a refletir fielmente a psicologia, os interesses e as inclinações da classe dominante. Tentar compreender Spartacus e seus companheiros a partir de fontes romanas é como procurar entender Lênin e Trotsky lendo os relatos difamatórios escritos por aristocratas e burgueses inimigos da Revolução Russa. Através desse espelho distorcido, podemos apenas captar vislumbres tentadores do verdadeiro Spartacus.Plutarco afirmou:
“Ao se instalarem em um local defensável, os rebeldes apontaram três capitães, dos quais Spartacus – um trácio de uma das tribos nômades – era o chefe: um homem não apenas corajoso e espirituoso, mas com uma gentileza e compreensão superiores à sua condição, muito mais grego do que a maior parte das pessoas de seu país”.
Tais palavras, escritas por um inimigo, apresentam Spartacus a partir de uma luz particularmente favorável, o que requer uma explicação. Não é difícil deduzi-la. Um homem – ou o que é ainda pior, um escravo – que aniquilou uma legião romana atrás da outra deveria ser dotado de qualidades extraordinárias.
Espártaco (ou Spartacus) foi um famoso escravo que viveu entre a civilização romana e contra ela se rebelou, comandando uma revolta que agrupou cerca de 70 mil escravos. Durante três anos, entre 73 e 71 a.C., Espártaco e seus seguidores enfrentaram várias legiões do exército romano, vencendo-as em vários momentos.
Nascido na Trácia, região onde hoje se encontra parte dos territórios da Grécia, da Bulgária e da Turquia, Espártaco tornou-se escravo após ter sido soldado do exército romano e, possivelmente, ter desertado, abandonando as fileiras militares.
Capturado por tropas romanas, foi vendido como escravo em Cápua a Lentulus Batiatus, um ex-legionário e ex-gladiador que ganhava a vida como lanista, um negociante e treinador de gladiadores. As lutas de gladiadores eram apreciadas pela população romana, caracterizada pelas ações guerreiras e violentas contra os povos conquistados, o que possivelmente teria explicado o gosto por espetáculos sangrentos. Espártaco era um desses gladiadores.
Espártaco não aceitou as humilhações e violências cometidas por seu senhor contra os escravos e rebelou-se. Fugiu com vários de seus companheiros de cativeiro, iniciando a formação de um exército de escravos.
O governo romano enviou várias legiões para derrotar e prender Espártaco e os demais escravos. Mas elas foram sucessivamente derrotadas pelos fugitivos. A cada vitória, os escravos conseguiam se armar cada vez mais.
A notícia dos feitos do exército liderado por Espártaco espalhou-se pelo território romano, levando outros escravos a se rebelarem e a juntarem-se a Espártaco. Um imenso exército formou-se. As estimativas apontam que entre 70 e 90 mil escravos lutaram ao lado de Espártaco.
A amplitude de um exército desse tipo pode ser explicada no fato de Roma basear sua organização social no escravismo, impondo essa condição social a inúmeros povos que foram conquistados. As humilhações, violências, condições de trabalho e a perda da vida levaram esses escravos à rebelião.
Suas qualidades morais e militares, além de inteligência e força notáveis, foram apontadas como o que possibilitou a Espártaco liderar tão grande quantidade de pessoas. A luta dos escravos era pela liberdade individual, e não contra o sistema do escravismo.
Os escravos rebelados viviam também de pilhagens feitas em cidades e propriedades de romanos. Nessa função, deslocaram-se por várias partes da Península Itálica. Um dos objetivos era atravessar os Alpes, no norte da península, e, assim, alcançar a Gália e a partir de lá se dispersarem.
Escultura O juramento de Espártaco, de Louis-Ernest Barrias (1841-1905)
Porém, houve discórdias que impediram ações unificadas entre os escravos. Um grupo liderado por Crixus permaneceu no Sul da península e foi dizimado. Espártaco dirigiu-se ao Norte, para atravessar os Alpes, mas voltou para o Sul, derrotando no caminho várias legiões de romanos. Contornando a cidade de Roma, pretendia chegar ao mar e atravessá-lo rumo à Sicília.
Quem faria a travessia seriam piratas com os quais Espártaco havia estabelecido relações. Mas o líder escravo foi traído e seus planos foram informados aos generais romanos. O Senado romano destacou o general Crasso para enfrentar Espártaco. Este buscou negociar uma rendição, mas não foi atendido.
Crasso e seus soldados foram atacados por Espártaco no norte da Lâcania, em 71 a.C. O objetivo do escravo era matar Crasso, mas não conseguiu. O exército de escravos rebeldes foi derrotado. Vários escravos morreram e outros foram novamente levados para o cativeiro. Espártaco provavelmente morreu em batalha.
Outros seis mil escravos foram crucificados ao longo dos 200 quilômetros da Via Ápia de Cápua. O objetivo era atemorizar outros escravos que poderiam querer se rebelar. A história de Espártaco ficou famosa por representar um grande perigo para Roma e também por ser um símbolo da luta contra a exploração e injustiça social.