Português, perguntado por nicoleramia, 10 meses atrás

Há dessas lutas terríveis na alma de um homem. Não, ninguém sabe o que se passa no interior de um sobrinho, tendo de chorar a morte de um tio e receber-
lhe a herança. Oh, contraste maldito! Aparentemente tudo se recomporia, desistindo o sobrinho do dinheiro herdado; ah! Mas então seria chorar duas coisas:
o tio e o dinheiro.
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Nao
digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os
olhos às sardas e espinhas, mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza,
cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
ASSIS, Machado de. Memorias Póstumas de Brás Cubas.
Rio de Janeiro: Jackson, 1957.
No primeiro parágrafo, são apresentadas a figura do sobrinho e a respectiva herança que poderia receber com a morte do tio. No entanto, é notorio um jogo
de ideias que, ao ser construído, atribui à prosa um tom crítico a respeito da relação entre os dois personagens. Isso decorre, no texto, de um traço realista
denominado
ironia.
metáfora.
C
pessimismo.
D
maniqueísmo.
E
metalinguagem.

Soluções para a tarefa

Respondido por makmorales
5

Letra A: o traço realista presente no texto é a ironia, pois ao mesmo tempo em que era extremamente ruim a morte do tio para o sobrinho, seria muito bom receber uma herança daquela quantia, o que causava conflito interno no personagem, que não sabia ao certo o que fazer.

O realismo está presente de forma constante na obra apresenta retratos das sociedades, o objetivismo, bem como a contraposição aos ideais românticos, que colocavam o sentimentalismo acima de tudo, acima da própria realidade.

Perguntas interessantes