GLOBALIZAÇÃO, CULTURAL E IDENTIDADE
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Resposta:
Explicação:
“O processo de globalização leva a sociedade a ver o mundo como “um só lugar” ”.
A frase acima é utilizada com freqüência para caracterizar a sociedade contemporânea. Vista isoladamente, sugere que a sociedade tende a se unificar, anulando as diversidades e as culturas regionais. No entanto, a dinâmica societária traz evidências contrárias. Autores como Canclini, Castells, Featherstone, Giddens, Hall e Ianni evidenciam, em recentes estudos, que a atual fase da globalização vem provocando reações que buscam uma redescoberta das particularidades, das diferenças e dos localismos.
O processo de globalização estabelece uma nova relação entre as culturas locais e a cultura global. A disseminação da cultura mundializada influencia os padrões de comportamento, provocando uma valorização da tradição e um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural.
A identidade cultural é vista como uma forma de identidade coletiva característica de um grupo social que partilha as mesmas atitudes e, está apoiada num passado com um ideal coletivo projetado. Ela se fixa como uma construção social estabelecida e faz os indivíduos se sentirem mais próximos e semelhantes.
O processo de revalorização das particularidades e dos localismos culturais é inegável no atual momento histórico social. Ao mesmo tempo em que são incorporados costumes e valores de outras culturas aos hábitos do cotidiano, em todas as latitudes, os localismos voltam a ser valorizados. Há uma busca das particularidades e o senso de diferença se intensifica cada vez mais em todas as regiões do planeta.
O objetivo deste trabalho é examinar as repercussões da globalização sobre a cultura das sociedades, mais especificamente, os efeitos do processo sobre as identidades e as culturas locais.
Para tanto, inicialmente, serão revistas algumas idéias referentes ao processo de globalização da sociedade. A seguir, será realizada análise de suas repercussões sobre formação da identidade cultural. Por último, será examinada a questão do ressurgimento dos localismos e da valorização das tradições culturais através de um estudo de caso em município do Rio Grande do Sul
Está sendo investigado o processo de recriação e valorização da identidade cultural no município de Nova Petrópolis. Antiga “Colônia Provincial de Nova Petrópolis”, foi fundada, em 1858, por imigrantes alemães. Desde o início da colonização houve preocupação com a questão educacional e cultural. Frente ao descaso da administração provincial com esses aspectos, os imigrantes tomaram para si a organização e administração escolar. Fundaram inúmeras associações religiosas e recreativas, como sociedades de canto, de tiro ao alvo e de bolão, onde cultivavam os costumes de sua região de proveniência, mantendo, inclusive, o uso da língua de origem. Na década de 1940, período da Segunda Guerra, o isolamento cultural da região foi fortemente combatido pelo Estado Novo com uma intensa campanha de nacionalização. Várias escolas, clubes, sociedades recreativas e culturais foram fechados. Só após 1946 houve a retomada das atividades culturais no município.
O predomínio das atividades agrícolas e artesanais manteve-se por mais de um século e, muito contribuiu para que seus habitantes continuassem a manter as tradições e traços culturais de seus ancestrais, restabelecendo o vigor cultural após o período de cerceamento, na segunda metade do século XX. A emancipação do município, no final da década de 1950 , desencadeou mudanças no processo de desenvolvimento econômico social com o incremento de outras atividades como a indústria coureiro-calçadista, malhas, móveis e metalurgia.
Nas últimas décadas do século XX observa-se uma alteração significativa na imagem do município. A antiga tradição agrícola, com a exploração de pequenas propriedades, se mantém, mas, paralelamente novas atividades econômicas começam a ser desenvolvidas e estimuladas. Buscando atrair novos fluxos financeiros e de consumo, o município vem redirecionando seu modelo produtivo através da priorização das atividades vinculadas ao turismo. Essa nova atividade econômica exige uma redescoberta da memória, da tradição e da identidade, pois as particularidades são ingredientes fundamentais na construção de atrativos turísticos. O diferencial da atração turística funda-se na valorização de aspectos vinculados às particularidades locais a cultura baseada nas tradições dos primeiros colonizadores.
Examinar, nesse novo cenário, como a questão da identidade está sendo tratada é de fundamental importância tanto para a sociologia como para a área de educação, pois, a sociedade contemporânea sofre, segundo Stuart Hall (1999), uma “crise de identidade” que resulta das amplas mudanças provocadas pelas novas estruturas sociais que estimulam uma reestruturação ou mesmo reinvenção da identidade cultural.
O presente trabalho busca examinar por meio de um estudo qualitativo, realizado através de entrevistas em profundidade com as elites educacionais e culturais do município, como nesta realidade está sendo enfocada a preservação da identidade e da cultura local e como a sociedade local e, principalmente, o ambiente escolar convive com as tradições no momento em que a globalização da cultura e dos padrões de comportamento é uma tendência mundial. Analisa, também, as formas de preservação e revalorização das tradições culturais, e em especial como os dirigentes educacionais tratam essa problemática, pois, parte-se do pressuposto que é na escola que começa a ser construída a identidade social.