Gestão de processos ou gestão de pessoas?
Leia com atenção o caso fictício abaixo:
Emanuel acabou de assumir um cargo de gestor em um órgão público no estado de São Paulo. Está animado e não vê a hora de poder colocar em prática seus conhecimentos acadêmicos e técnicos adquiridos ao longo de cursos e experiências advindas da atuação no setor privado.
Como era de se esperar, o grupo a ser gerido por Emanuel não o recebeu com muita alegria. Emanuel disposto a cativar seu novo grupo começa com uma reunião falando um pouco sobre seu histórico profissional e apresentando suas intenções e metas para o setor.
Já nesta primeira reunião pede a participação das pessoas, e inclusive que indiquem situações positivas e negativas que percebem no setor. Não há manifestação alguma dos ouvintes. Um pouco desconfortável Emanuel começa a citar algumas situações comuns àquele ambiente e pergunta se acham que deveria ocorrer alguma mudança ou não. Depois de um tempo de espera, timidamente uma pessoa do grupo diz: - não sei o que você pretende com esta reunião, já conhecemos nossas funções e não se preocupe os relatórios estarão sempre entregues na data prevista. Emanuel surpreso com aquelas palavras pergunta se mais alguém tem algo a dizer, ninguém se manifesta, então explica que ele só poderá conhecer a fundo as demandas do setor por meio das falas dos que trabalham diariamente ali, pois eles é que sabem apontar os detalhes do cotidiano que fogem ao processo desenhado e inflexível.
Não há dúvidas de que para Emanuel atingir seu objetivo que é valorizar e aproveitar melhor o capital intelectual deste grupo, ele precisará elaborar ações que mudem a cultura existente de que o único papel do agente público neste setor é elaborar relatórios e entregá-los, se possível, dentro do prazo. E também tentar modificar comportamentos e conceitos deixados pelo gestor anterior, que de acordo com o que Emanuel ouviu pelos corredores, era um gestor que cobrava de seu grupo cumprimento de horário, execução da função dentro de prazos quando estabelecidos e silêncio total no ambiente, pois segundo ele, conversas em qualquer momento só serviam para atrapalhar, gerar problemas e manifestações indesejáveis.
Emanuel, munido de algumas informações sobre o grupo, o antigo gestor, a cultura local e a descrição das funções, começou a pensar em ações que possibilitassem colocar em prática seus conhecimentos de gestão que visa mais que gerir processos, visa gerir pessoas. Para Emanuel, o objetivo de uma organização é ofertar produtos ou serviços de qualidade e mostrar-se competitiva no mercado. Tal visão por inúmeras vezes, se não em todas, fica sujeita a uma cultura que parece não compreender que o setor público deve agir e buscar sucesso como outra organização qualquer, e que o desenvolvimento e capacitação dos funcionários devem ser constantes.
Pensando e trabalhando com foco em seus objetivos, Emanuel aos poucos foi ganhando a confiança de seu grupo e estes começaram a procurá-lo para conversas mais abrangentes, o que possibilitou conhecer seu grupo em maior profundidade e também as peculiaridades não encontradas em processos ou manuais.
Certo dia, Ana, uma de suas funcionárias, que atua na função de professora estadual das 7h30 às 13h00 procurou Emanuel, considerando seu papel de gestor, e o informou que fora aprovada em um novo concurso público, para atuar como professora, e tinha a intenção de assumir este novo cargo remunerado no setor público, sem se desvincular do cargo atual. Detalhou que este novo cargo seria na cidade vizinha e que seu horário de trabalho seria das 14h às 19h.
Emanuel ouviu com atenção e fez algumas perguntas:
- A que distância fica este novo trabalho de nosso prédio?
- Em quais dias da semana você trabalhará lá?
- Como você se locomoverá até lá? Quanto tempo tem o percurso?
Ele disse que precisava consultar Artigo 37 da Constituição (incisos XVI e XVII, com redação dada pela EC 19/98 e EC 34/01) e § 10 (incluído pela EC 20/98), para ver os requisitos implícitos nesta situação e logo retornaria, mas que ela ficasse tranquila, pois até onde ele tivesse alçada para decisão, seria a favor da solicitação dela para assumir o segundo cargo público remunerado.
Elaborado pelo professor, 2018.
Atividade:
1) O que Emanuel pode fazer para mudar a cultura do setor que acaba de assumir e convencer seu grupo de que há muito a aprender e muito a ensinar? Quais podem ser possíveis resultados para a sociedade, a partir da implementação destas ações?
2) Sobre a funcionária Ana:
a. Ana poderá assumir o outro cargo remunerado no Estado? Emanuel terá de agir de forma legítima. Qual decisão deverá ser tomada dentro dos parâmetros legais?
b. Por que Emanuel pergunta a Ana sobre seus horários, distância e meio de locomoção?
c. É possível que a decisão, em alguma instância, dependa da vontade do gestor, no caso Emanuel?
Soluções para a tarefa
Olá!
1) Em primeiro lugar, Emanuel precisará utilizar do diálogo e da comunicação com os demais funcionários e líderes de equipe, fortalecendo a união entre seus ideais e a operação prática dos demais.
Sabendo disso, os resultados para a sociedade poderão ser eficazes, visto que uma vez que o grupo está inserido de maneira correta e trabalha em sintonia, existirá um equilíbrio entre as ações do gestor e as demandas apresentadas.
Quanto ao caso de Ana, Emanuel realizou essas perguntas com o intuito de saber se de fato os horários bateriam, pois apesar da funcionária conseguir ser aprovada em um concurso público ela tem funções a cumprir em sua empresa, e, mesmo consultando na constituição, a decisão caso seja legal dependerá do mesmo para ser realizada.
Até mais!