GafesFaz algum tempo que o encarte TV Folha traz a seção A GAFE DA SEMANA. (...) Em 28/2/99, a gafe é pescadada fala de uma personagem de novela. O final da frase é "... está enfrentando o Waldomiro de frente”.E o sagaz comentário é o seguinte: "Ainda bem que era de frente, porque por trás não dá. E, se os diretores eroteiristas não apurarem os ouvidos, daqui a pouco vão falar ‘subir pra cima’, ‘descer pra baixo”’.Nem vale a pena discutir de novo o ponto de vista, que para muitos é único, segundo o qual o sentidodas palavras não muda, está preso à etimologia ou à forma de composição da palavra (é daí que sai atese de que só se pode enfrentar de frente). Bastaria uma espiada no Aurélio para verificar que “enfrentar”não tem necessariamente a ver com “frente”. Em frases como “temos que enfrentar o FMI", o verbonada tem a ver com a posição relativa dos envolvidos (aliás, qual seria a frente do FMI?). Pelo critériousado, o autor da seção é capaz de ficar sempre longe de seu aparelho de TV — para justificar a “tele”— ou de procurar o "pé de moleque". Mas, como disse, isso não vale a pena. Também não vale a penadiscutir se redundância é defeito, ou, pelo menos, se é defeito sempre.O que valeria a pena é tentar entender por que alguém diria “enfrentar de frente". Uma hipótese: o autorquer produzir algum efeito especial, estilístico, com esta expressão. Outra, que não exclui a primeira:pode ser que se trate de enfatizar um comportamento, de deixar bem claro que não só houve um enfrentamento,mas também que ele se deu frente a frente.Melhor ainda seria aproveitar a deixa para ver se fenômenos do mesmo tipo ocorrem em outras línguas, paraver se o que é marginal (pelo menos por enquanto, se é que é mesmo) no português não será usual em outra língua.Quem estuda um tiquinho de inglês sabe que nessa língua não há problema algum em dizer o equivalentea “entrar para dentro", “sair para fora", “subir para cima”, “descer para baixo", até “sentar para baixo” etc. Não sónão é problema, é obrigatório. Claro que inglês é inglês e português é português. (...) Em cada língua há algumacoisa que os puristas gostariam de pôr para fora, e que no entanto explica fenômenos de variação, de mudança,de relações entre línguas. E produz sentidos interessantes, que é para isso que as línguas existem [...].(POSSENTI, Sírio. Gafes. In:______ . Malcomportadas línguas. Curitiba: Criar, 2002. p. 69*70.)1.A expressão que motiva os comentários do linguista é “enfrentar de frente”, empregada por uma personagemde novela e condenada por um jornalista. Qual foi o motivo da condenação?2.Sírio Possenti cita em seu texto alguns pleonasmos classificados pela gramática normativa da língua portuguesacomo viciosos. Identifique-os.
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Olá, tudo bem? Vou te ajudar nessa questão:
1. O motivo da condenação foi o suposto pleonasmo ocorrido. De acordo com o jornalista que teceu a crítica, "enfrentar" deve ser necessariamente de frente, ou seja, é redundante a personagem da novela dizer que está "enfrentando de frente".
2. Possenti menciona redundâncias como "entrar para dentro", "sair para fora", "subir para cima" e "descer para baixo". Ele usa estes exemplos para mostrar que, enquanto no português estas redundâncias são condenadas, em outras línguas como o inglês elas são comuns e até normativas.
1. O motivo da condenação foi o suposto pleonasmo ocorrido. De acordo com o jornalista que teceu a crítica, "enfrentar" deve ser necessariamente de frente, ou seja, é redundante a personagem da novela dizer que está "enfrentando de frente".
2. Possenti menciona redundâncias como "entrar para dentro", "sair para fora", "subir para cima" e "descer para baixo". Ele usa estes exemplos para mostrar que, enquanto no português estas redundâncias são condenadas, em outras línguas como o inglês elas são comuns e até normativas.
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