(Fuvest-SP) “[...] Escobar vinha assim surgindo da sepultura, do seminário e do Flamengo para se sentar comigo à mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a bênção do costume. Todas essas ações eram repulsivas; eu tolerava-as e praticava-as, para me não descobrir a mim mesmo e ao mundo. Mas o que pudesse dissimular ao mundo, não podia fazê-lo a mim, que vivia mais perto de mim que ninguém. Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da escada a criaturinha que me queria e esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para outro. O que se passava entre mim e Capitu naqueles dias sombrios não se notará aqui, por ser tão miúdo e repetido, e já tão tarde que não se poderá dizê-lo sem falha nem canseira. Mas o principal irá. E o principal é que os nossos temporais eram agora contínuos e terríveis. Antes de descoberta aquela má terra da verdade, tivemos outros de pouca dura; não tardava que o céu se fizesse azul, o sol claro e o mar chão, por onde abríamos novamente as velas que nos levavam às ilhas e costas mais belas do universo, até que outro pé de vento desbaratava tudo, e nós, postos à capa, esperávamos outra bonança, que não era tardia nem dúbia, antes total, próxima e firme [...]”. (Fragmento do livro Dom Casmurro. de Machado de Assis.)
A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela apresenta-se:
a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;
b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador;
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;
e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.
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Resposta: B - viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador.
No romance Dom Casmurro, é clara a personalidade obsessiva do narrador, que por ser em primeira pessoa, não pode assumir a característica de onisciente, sempre apresentando uma versão enviesada dos fatos, repleta de sua própria subjetividade. Não há "indecisão" do narrador (e), o personagem de Bentinho é seco e frio em seus relatos.
No romance Dom Casmurro, é clara a personalidade obsessiva do narrador, que por ser em primeira pessoa, não pode assumir a característica de onisciente, sempre apresentando uma versão enviesada dos fatos, repleta de sua própria subjetividade. Não há "indecisão" do narrador (e), o personagem de Bentinho é seco e frio em seus relatos.
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Como a narração dos acontecimentos presentes na obra Dom Casmurro acontecem sob a perspectiva do personagem Bentinho, podemos avaliar que esta é uma narrativa viciada por um prisma unilateral, como mostra a alternativa B.
Como o narrador é o próprio personagem, toda a lógica da narração vai ser impregnada pelo seu viés e pelos seus achismos, pela sua própria subjetividade ao analisar os acontecimentos que ocorrem em seu entorno.
Sem a característica de onisciência, o narrador só sabe aquilo que o próprio personagem sabe e acredita, mesmo que ela venha a estar errado.
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Anexos:
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