Futuros professores de História, colocados diante do livro didático, poderiam se perguntar: “de onde ele veio?". Alguém escreve o livro didático, mas qual é o mundo dessa pessoa? De onde vêm os conhecimentos ali contidos? De obras acadêmicas, teses etc? De outros livros didáticos? Do encontro das novas concepções de História nos cursos de graduação com as experiências dos professores no ensino de História? E ainda: que interesses ele atende? Dos alunos, dos professores, dos autores, das editoras, dos programas de governo, são para melhoria da educação? As questões são muitas, mas vamos começar com um exercício de análise.
Suponha que você é graduado em História e, considerando o que estudou na universidade e a atuação como professor de ensino fundamental, esteja pesquisando para decidir sobre a escolha/indicação de um livro didático sobre a história de São Paulo.
Analise o trecho abaixo procurando identificar o tema, a abordagem, os aspectos considerados, as possíveis fontes utilizadas pela autora (há indícios de fontes primárias, secundárias?).
Conclua se posicionando a respeito da aprovação ou não o trecho abaixo como parte do livro que escolheria/indicaria para a utilização com os alunos.
Brancas pobres, escravas e forras faziam o comércio mais pobre e menos considerado que era o dos gêneros alimentícios, hortaliças, toucinho e fumo, nas ruas delimitadas pela Câmara: nas casinhas da Rua da Quitanda Velha, na Ladeira do Carmo, na Rua do Cotovelo.... Entre a Igreja da Misericórdia e a do Rosário, as quitandeiras espalhavam pelo chão seus trastes, vendendo um pequeno comércio de vintém para escravos. O comércio ambulante foi aos poucos tomando becos e travessas entre a Rua do Rosário e a do Comércio, [...] a ponto de se queixarem dele os comerciantes da Rua Direita, estabelecidos em suas lojas, reclamando principalmente da sujeira, dos mosquitos e dos maus cheiros.
Nas lojas não se admitiam mulheres como balconistas, e apenas uma ou outra mais remediada tinha o seu comércio estabelecido, armazém ou loja de molhados.
Dias, Maria Odila da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo do século XIX. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 23.
Elabore um texto, no máximo de 15 linhas, abordando o que foi solicitado.
Soluções para a tarefa
O tema se refere as mulheres,e o que elas faziam,ao "poder" da mulher,trazendo uma realidade complexa da época onde a mulher não tinha vez nem voz,e como uma forma de ganhar seu dinheiro faziam o comércio nas ruas de são paulo,os aspectos são que já no começo do texto diz:"Brancas pobres,escravas e forras..."e no fim do texto:"...apenas uma ou outra remediada tinha seu comércio estabelecido,armazém ou loja de molhados.",acredito que pela parcialidade este texto venha de fontes primarias.
Aprovo este texto ,pela complexidade do tema,esse trecho precede toda uma história que vem a seguir,é um assunto que retrata a história de São Paulo e uma realidade quem sabe de várias outras cidades além d me parecer uma das causas da "revolução da mulher",a valorização,os direitos iguais o respeito com as mulheres etc.