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Reflexões sobre o estudo da História da Psicologia1
Lenita Gama Cambaúva
Lucia Cecilia da Silva
Walterlice Ferreira
Universidade Estadual de Maringá (PR
Resumo
Neste artigo as autoras argumentam sobre a necessidade de alguns subsídios fundamentais para se entender a psicologia como produção humana e, consequentemente, entender suas problemáticas atuais bem como as possibilidades de sua transformação. Apontam a importância de se apreender os conhecimentos psicológicos - sejam as idéias psicológicas, seja a psicologia científica, seja a própria formação do psicólogo - pela e através da história dos homens que os construíram.
Palavras-chave: História, Psicologia, Filosofia, Alma, Consciência
Abstract
Reflections on the study of History of Psychology.
The authors of this article argue about the necessity of some basic subsidies to understand psychology itself as a human production, and therefore, to understand its present problems as well as its possibilities of transformation. They point out the importance of understanding the psychological knowledge – whether the psychological ideas, scientific psychology or the psychologist formation itself – by and through the history of those men who built this knowledge.
Key-words: History, Psychology, Philosophy, Soul, Conscience.
A reflexão sobre o que é a Psicologia, de onde vem, para que e a quem serve, é algo tão imprescindível para o psicólogo como o conteúdo de suas teorias e o domínio de suas técnicas (ANTUNES, 1989, p.32-33).
Ao ministrar disciplinas que versam sobre os fundamentos da psicologia, temos tido a preocupação de fazer com que os alunos reflitam sobre a ciência em que estão sendo formados. Julgamos que a reflexão deva ser feita com o objetivo de se entender a produção histórica da ciência psicológica para, a partir daí, entendermos a psicologia que estamos fazendo e que rumos ela vem tomando. Temos, sobretudo, a preocupação de formar um profissional que possa contribuir com sua ciência de maneira ativa e crítica. Nesse sentido, tem este artigo o objetivo de argumentar sobre a necessidade de se estudar a psicologia de uma perspectiva histórica, ou seja, a partir do ponto de vista que apreende a ciência psicológica como uma prática social e que entende serem os seus fundamentos, históricos e filosóficos, intimamente ligados à própria forma de o homem viver e se expressar na sociedade.
Partindo dessa perspectiva, entendemos que a psicologia vai sendo construída à medida mesmo que os homens vão construindo a si e a seu mundo. A preocupação do homem com as chamadas atividades subjetivas é tão antiga quanto as primeiras formas do pensamento racional, ou seja, quando o homem pensa acerca do mundo, dos outros homens e de si mesmo, elabora idéias psicológicas, idéias que se referem a processos individuais e subjetivos, como, por exemplo, as percepções e as emoções.
O homem, sendo personagem principal desse processo de desenvolvimento do pensamento, cria idéias, entre elas as idéias psicológicas. Ele cria as ciências como forma de compreensão do mundo; entre essas ciências cria a psicologia, tendo como objetivo o entendimento do que hoje chamamos subjetividade, bem como a interpretação desta na sua relação com o mundo e com outros homens. Isso significa que a psicologia pode ser considerada uma ciência social, e seu objeto o homem. Ao falarmos do desenvolvimento da psicologia, estamos, ao mesmo tempo, nos referindo ao desenvolvimento, ao processo, à elaboração e à criação do pensamento humano. Ou seja, assumimos e entendemos que o homem está em constante movimento. Como analisa Lane (1985), ele "fala, pensa, aprende e ensina, transforma a natureza, o homem é cultura, é história" (p. 12).
Estudando a psicologia numa dimensão histórico-social, é possível entender a sua constituição em ciência e entender seus debates atuais no interior mesmo das relações sociais desenvolvidas pelos homens. Concebemos, como primeiro ponto a ser levado em conta, que a psicologia não é uma criação mágica ou abstrata. Pelo contrário, é uma criação humana e bem concreta: inicialmente, enquanto idéias psicológicas imersas na filosofia; depois, enquanto disciplina científica, tendo, nos dois momentos, o objetivo de compreender as ações, as atitudes, os comportamentos e tantos outros estados subjetivos humanos que se revelam dinamicamente na relação dos homens entre si no mundo em que vivem.
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