Foram os árabes que introduziram na Europa coisas tão básicas como os algarismos decimais — em substituição aos romanos, difíceis de usar para cálculos — , jogos, como o xadrez, e a própria arte caligráfica, pois encaravam a palavra escrita como o meio por excelência da revelação divina. Na culinária, difundiram o uso do café, de doces próprios e produtos de pastelaria, do azeite, em substituição à proibida gordura de porco, e de muitos outros temperos, como o açafrão, a noz-moscada, o cravo, a canela e pimentas. Recebemos tudo isso indiretamente, via colonização, em uma ampla variedade de aspectos. Até mesmo o bom costume da limpeza pessoal, que muitos atribuem somente aos indígenas, deve um tributo aos árabes. [...]. Na música, o alaúde teve vasta descendência nas Américas, procriando verdadeiras famílias de instrumentos caribenhos, o bandolim e o cavaquinho brasileiros, a charanga do altiplano andino e o banjo dos negros norte-americanos. A gaita árabe é possível antecessora da gaita ibérica, e o adufe, precursor do pandeiro. A aridez dos solos desérticos capacitou-os como mestres nas técnicas agrícolas e de irrigação, importando para a Europa o moinho- -d’água, avô do engenho colonial, e lá semeando o algodão, a laranjeira, a criação do bicho-da-seda, o cultivo de arroz e da tão "brasileira” cana-de-açúcar. As próprias técnicas construtivas, como a telha de barro do tipo capa e canal, ou ainda a taipa de pilão, tão dominante nos primeiros séculos do Brasil, são de influência nitidamente árabe. O segundo movimento marcante foi a chegada direta de imigrantes, sobretudo sírios e libaneses, a partir do século XIX. [...] Sua principal ocupação nos países de origem havia sido a agricultura, mas por aqui abraçaram como profissão o comércio. Perseguiam a autonomia de gerir seu pró prio negócio, ainda que este fosse minúsculo a ponto de caber em uma caixa de vendedor ambulante. A maior concentração ocorreu em São Paulo, mas [eles] se espalharam por todo o país. [...] Os árabes mascateavam também pelas zonas rurais, mas fixaram-se sobretudo nas cidades [...]. A vida girava em torno da família e do trabalho. Loja na frente, casa nos fundos ou no andar de cima do sobrado, famí lia "mourejando", trabalhando “como mouros”.
(TRUZZI. Oswaldo. Verde, amarelo, azul e mouro. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Sabin. ano 4. n. 46. jui. 2009. p. 19-21.
)
a) Cite duas influências dos árabes na cultura europeia.
b) Explique por que o Brasil recebeu a influência da cultura árabe, citando exemplos.
c) “Até mesmo o bom costume da limpeza pessoal, que muitos atribuem somente aos indí genas, deve um tributo aos árabes.” Explique essa frase.
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a) Os Árabes levaram para a Europa os algarismos e o moinho d'água.
b) O Brasil recebeu forte influência da cultura árabe porque durante muito tempo a península ibérica, onde está Portugal, foi dominada pelos mouros. Além disso, muitos imigrantes vieram direto para cá.
c) O trecho que fala da limpeza pessoal se refere a nossos hábitos de higiene, como tomar banho todos os dias (ou até mais de uma vez por dia), que não é costume dos colonizadores europeus e sempre foi atribuído ao indígena, que se banhava nos rios. Mas o que o texto sugere é que o árabes também tinham hábitos de higiene mais zelosos que os europeus.
b) O Brasil recebeu forte influência da cultura árabe porque durante muito tempo a península ibérica, onde está Portugal, foi dominada pelos mouros. Além disso, muitos imigrantes vieram direto para cá.
c) O trecho que fala da limpeza pessoal se refere a nossos hábitos de higiene, como tomar banho todos os dias (ou até mais de uma vez por dia), que não é costume dos colonizadores europeus e sempre foi atribuído ao indígena, que se banhava nos rios. Mas o que o texto sugere é que o árabes também tinham hábitos de higiene mais zelosos que os europeus.
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