Foi então que olhei bem o embrulho. A princípio apenas suspeitei. E ficaria na suspeita se não houvesse certeza. Uma das faces estava subscrita, meu nome em letras grandes e a informação logo abaixo, sublinhada pelo traço inconfundível, “Para o jornalista Carlos Heitor Cony. Em mão”. Era a letra do meu pai. A letra e o modo. Tudo no embrulho o revelava, inteiro, total. Só ele faria aquelas dobras no papel, só ele daria aquele nó no barbante ordinário, só ele escreveria meu nome daquela maneira, acrescentando a função que também fora a sua. Sobretudo, só ele destacaria o fato de alguém ter se prestado a me trazer aquele embrulho. Ele detestava o correio normal, mas se alguém o avisava que ia a algum lugar, logo encontrava um motivo para mandar alguma coisa a alguém por intermédio do portador.
Carlos Heitor Cony. Quase memória. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (Edição de Bolso).
O romance Quase memória do escritor contemporâneo Carlos Heitor Cony ganhou o Prêmio Jabuti na categoria de “Ficção” no ano de 1996. A obra revela algumas tendências típicas de seu movimento literário. No caso, o traço predominante seria:
a. trânsito de fronteiras.
b. linguagem da internet.
c. memorialismo marcante.
d. uso de forma breve.
e. cultura de massa.
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vc pode respondee pra mim um deve literatura
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c. memorialismo marcante.
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