Português, perguntado por giovannamjgp74vr6, 9 meses atrás

Flor, telefone, moça

Carlos Drummond de Andrade
“Não, não é conto. Sou apenas um sujeito que escuta algumas vezes, que outras não escuta, e vai passando.
Naquele dia escutei, certamente porque era a amiga quem falava, e é doce ouvir os amigos, ainda quando não
falem, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos.
Falava-se de cemitérios? De telefones? Não me lembro. De qualquer modo, a amiga — bom, agora me recordo
que a conversa era sobre flores — ficou subitamente grave, sua voz murchou um pouquinho.
— Sei de um caso de flor que é tão triste!
E sorrindo:
— Mas você não vai acreditar, juro.
Quem sabe? Tudo depende da pessoa que conta, como do jeito de contar. Há dias em que não depende nem

disso: estamos possuídos de universal credulidade. E daí, argumento máximo, a amiga asseverou que a his-
tória era verdadeira.

— Era uma moça que morava na rua General Polidoro, começou ela. Perto do cemitério São João Batista.
Você sabe, quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar conhecimento da morte. Toda hora está
passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não é tão empolgante como navios ou casamentos, ou
carruagem de rei, mas sempre merece ser olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro
do que de não ver nada. E se fosse ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada.

01. Por que o trecho lido é metalinguístico?


02. Com quem o autor do texto está conversando? Justifique com uma parte do texto.

Soluções para a tarefa

Respondido por marciaemiliadascola
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Resposta:

01 ) O texto metalinguistico por que o poeta reflete sobre seu fazer poetico ,

02 ) O autor do texto está explicando para os leitores e para si mesmo o momento da conversa com a amiga , " De qualquer modo a amiga _ bom agora me recordo que a conversa era sobre flores"

Explicação:


marciaemiliadascola: valeu
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