Fins do século XVI, início do século XVII: tempo em que a escravidão africana crescia expressivamente na agromanufatura do açúcar, substituindo o cativeiro indígena. As insurreições de escravos não tardariam a se alastrar pelo litoral da América Portuguesa, sobretudo no Nordeste. O medo que colonos, jesuítas e autoridades régias, havia muito, sentiam dos índios seria, então, cada vez mais acrescido pelo pavor de rebeliões negras, pânico de longuíssima duração que, longe de se restringir ao período colonial, atingiria seu ápice no século xIx. Palmares foi, com efeito, a maior rebelião e a manifestação mais emblemática, como é sabido, dos quilombos coloniais. Resistiu por cerca de cem anos às expedições repressivas, promoveu assaltos aos engenhos e povoações coloniais e estimulou fugas em massa de escravos na capitania. Palmares provocou tanta inquietação entre colonos, padres e funcionários del Rei que a própria Monarquia portuguesa, submetida a inúmeras pressões, tentou em diversos momentos negociar com os rebeldes, a exemplo do que os governos coloniais fizeram ou fariam em outras partes da Afro-América. Os agentes do colonialismo português, por várias vezes, não souberam mesmo o que fazer, apavorados com o cotidiano da rebelião palmarina, frustrados com as sucessivas derrotas que os calhemo-las impunham a seus terços. Acabariam, por isso mesmo, prisioneiros de muitos dilemas e hesitações. VAINFAS, Ronaldo. Deus contra Palmares - Representações senhoriais e ideias jesuíticas. ln: REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 63.
1 — Na perspectiva do autor, o que representou Palmares para os atores coloniais e para a Monarquia portuguesa?
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Um forte inimigo que estava atrapalhando a escravidão naquela época.
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