Fazer uma reflexão relacionando os conceitos de ideologia, alienação e fetichismo. Use exemplos.
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Resposta:Muitas$são as publicações sobre ideologia e alienação, não por outro motivo senão pela importância que elas detêm na análise das diferentes sociedades, até mesmo das sociedades primitivas. O rigor teórico marxiano das postulações de Lukács (2013) em Para uma Ontologia do Ser Social o conduz a uma análise em que o trabalho assume centralidade enquanto fato básico fundamental, originalmente portador de um pôr teleológico, determinação apropriada por Marx (1988) em O Capital, na distinção que faz entre o pior arquiteto e a melhor abelha. No trabalho, fenômeno fundante de toda práxis social, inclusive da práxis econômica, o pôr teleológico só se torna um ato teleológico autêntico quando da sua realização material. Por outro lado, a cadeia causal - parte material do trabalho - posta teleologicamente em movimento, jamais surgiria a partir da causalidade do ser natural2, o que não nega que nela possam se tornar ativos momentos causais naturais, existentes em si mesmos.
Não há em Lukács (2013) nenhum dualismo metodológico em que a economia comparece de modo mecânico como uma legalidade necessária, desvinculada do campo da superestrutura, no caso, do campo da ideologia. Os pores teleológicos que estão na base da ideologia, muitas vezes mediados de forma bastante complexa pela divisão do trabalho, embora tenham também um caráter teleológico-causal, se diferenciam daqueles do trabalho na medida em que os fins que os provocam e que os realizam não se dirigem diretamente ao metabolismo da sociedade com a natureza, mas pretendem influenciar outras pessoas num determinado sentido, levá-las a um pôr teleológico desejado. Estes últimos, cuja função é dirigir-se à consciência de outros homens, são denominados por Lukács (2013) de pores teleológicos secundários, justamente porque diferem do trabalho, por teleológico primário, cuja função central é caracterizar-se como uma ação da consciência sobre a materialidade objetiva da natureza.
O objeto sobre o qual o pôr teleológico que visa influenciar a consciência de outra pessoa, nem de longe se equipara ao do trabalho propriamente dito, no qual, conforme assegura Lukács (2013), só entra em cogitação uma apreensão correta ou incorreta de conexões ontológicas da natureza; diferentemente, quando se trata de influenciar a consciência de outros homens o material é qualitativamente imprevisível quanto mais mediado for. Contudo, existe um elemento em comum decisivo nos dois casos: o êxito ou o fracasso dos pores teleológicos dependem do conhecimento que se tem da realidade a ser transformada, se o sujeito que põe é capaz de proceder corretamente de modo a que as forças a serem postas em movimento atualizem de modo desejado as cadeias causais que lhes são imanentes.
Esses fundamentos ontológicos gerais também se fazem presentes na alienação, aqui entendida como um processo de desumanidade socialmente construído pelos homens no cotidiano da vida em sociedade. No capitalismo, conforme priorizado neste artigo, observa-se a aparência de um automovimento das coisas e não de atos da práxis humana; é assim que as mercadorias aparecem no processo de troca, como se por si mesmas pudessem fazer qualquer movimento, quando na verdade seu movimento pressupõe relações entre compradores e vendedores. Antes de Lukács, Marx (1988) já havia dissolvido essa aparência reificadora em atos teleológicos prático-humanos, quando afirma que as mercadorias não vão sozinhas ao mercado trocar-se umas pelas outras.
Considera-se o tema da maior importância, haja vista que a crítica ao capitalismo comporta necessariamente uma análise sobre as formas de alienação por ele engendradas e ao seu caráter ideológico, conforme as formulações de Lukács (2013). Tanto a alienação quanto a ideologia nascem da vida cotidiana e a ela remetem, razão pela qual o cotidiano se põe nessa relação como médium entre a estrutura econômica geral da sociedade e a dos seres humanos.
Explicação:
Este artigo resulta de uma pesquisa1 voltada para a ideologia e a alienação enquanto complexos sociais presentes no mundo dos homens e para as determinações fundamentais que conectam essas duas categorias no pensamento e na práxis humana. Objetiva refletir sobre seus fundamentos ontológicos e funções na sociedade e toma como principal referência o pensamento de Georg Lukács (2013) em Para uma Ontologia do Ser Social. Estruturado em dois momentos distintos e articulados, expõe sobre ideologia, suas bases fundamentais e sobre alienação como fenômeno também ideológico, particularmente quando se trata das reificações e sua relevância para a crítica ao capitalismo.