Português, perguntado por viihsixxbiersack934, 1 ano atrás

fazer uma narrativa mínimo 21 linha máximo 26 linha com a metáfora "luz no fim do túnel"

por favor,me ajudem,é para amanhã de manhã ​

Soluções para a tarefa

Respondido por luagncs
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Antes de prosseguir com nossa discussão sobre ideologias e utopias, progresso e revolução, resgato e reedito um rascunho destes nossos diários da crise.

Não é para desesperar, porque a desesperança entrega o ouro de mão beijada na mão dos piratas, mas a crise está (mais) difícil.

Ainda no clima do impeachment de setembro de 2015, o economista Eduardo Gianetti via “uma certa justiça no fato de que quem provocou a crise tenha, agora, que lidar com ela”. Declarou sentir “alívio pela oposição não ter vencido” a eleição de 2014. E também registrou, com autenticidade que não se vê nos ideólogos universitários, a enorme dificuldade que temos para julgar uma crise enquanto a gente se encontra nela, ou para dizê-lo com João Guimarães Rosa, enquanto nos vemos frente a frente com “o demônio na rua no meio do redemunho”

Pensando alto, com Gianetti:

“Às vezes eu me pergunto se essa é a pior crise […] Aí é que me veio um raciocínio: toda crise séria, enquanto ela se desenrola, é a pior crise, porque a gente não sabe até onde ela vai chegar. Isso causa muito desconforto e angústia nas pessoas. O que mais causa angústia é não vislumbrar um caminho de saída” (Estadão, entrevista de Eduardo Gianetti a Luiz Guilherme Gerbelli, 27/9/2015).

1992 foi a primeira analogia que nos apareceu para compreender a crise. Ela ainda é útil, se estendermos um pouco o raciocínio de Gianetti: existem crises com saída e outras sem saída aparente. Confesso que não vejo saída fácil para a crise de 2016. Por isso, nossa terapêutica foi buscar inspiração no divã de Sigmund: a terapia é um longo e sofrido processo de autoconhecimento.

Todo mundo quer sair da crise, então é preciso coragem para enfrentar os diagnósticos mais duros. Porque existem crises felizes e outras menos felizes.

Quem viveu o movimento de 1992 tem na memória a diferença. Para os mais jovens, vale fotografar aquele momento de nossa jovem modernidade (capítulo 7) com o cartoon do Laerte, sobre o movimento das Diretas de 1984.

A crise de 1992 estava temporal e espiritualmente próxima da fundação, do Posto Ipiranga (capítulo 8), por isso não havia túnel no fim da luz. Todo mundo era democrata. Hoje os rebeldes diriam: todos nós, naquele tempo éramos hipócritas, hoje é que as pessoas são autênticas, mas talvez esse juízo sobre hipocrisia não seja tão seguro. De qualquer modo, é melhor julgar as hipocrisias antigas por dados mais objetivos. Foi extraordinária a rapidez com que a solução da crise de 1992 se desenrolou: apresentada a denúncia em 1º de setembro de 1992, o presidente recebeu na manhã de 2 de outubro notificação de seu afastamento por 180 dias, e antes desse prazo foi julgado culpado pelo Senado. E ninguém seguiu compondo narrativas para a suposta inocência de Collor. Não houve guerra civil em torno da deposição de Collor, evidentemente justa. Como justa foi a deposição de Dilma Rousseff, mas agora se instalou uma guerra civil.

A diferença é que hoje não se vê uma luz no fim do túnel. Que será longo e escuro. O que nos move para compreender a crise de hoje é tentar descobrir como e por que o horizonte escureceu desse jeito, e o pouco que ainda podemos fazer para tentar retornar à luz do Posto Ipiranga. A humanidade não se propõe tarefas que não possa resolver, disse Karl Marx com a confiança que lhe era peculiar. Hoje a gente não tem tanta certeza disso, apenas aposta na esperança contra a desesperança, porque a esperança é que move a história.

Em 1992, Fernando Collor tentou transformar o Executivo numa organização criminosa para pilhagem de empresas públicas através da corrupção institucionalizada, dirigida por PC. Naquele tempo, intelectuais de esquerda, como Francisco de Oliveira,  apesar do instrumental inadequado da teoria de classes, ainda denunciavam a improbidade de governantes, sem escusas e diziam com todas as letras que “PCs são corretores que, como é de praxe nos bons negócios, também enriquecem”.

Boa Sorte :)

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