Fazer um resumo da biografia da artista contemporânea Beatriz Milhares e pesquisar uma de suas obras:Sinfonia Nordestina.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Pela primeira vez, estou pensando em voz alta que, no trabalho com a cor, faço uma ligação entre vida e pintura. O carnaval - uma festa popular brasileira frenética - sempre me estimulou com seu visual, atmosfera, loucura, beleza etc.
Os desfiles, com suas combinações de cores e conceitos, são muito malucos, mas por outro lado todas essas coisas estão muito longe da pintura, do meu ateliê, do meu cotidiano. Ao contrário de Hélio Oiticica, que também trouxe referências do carnaval para o seu trabalho, eu jamais, em nenhum momento, fiz parte do mundo do samba ou do carnaval. E nunca quis fazer parte.
Espero ter ajudado
Resposta:
Biografia e história
1960-1981: Beatriz Ferreira Milhazes nasceu no Rio de Janeiro em 1960. Em 1981 formou-se em Comunicação Social pela Faculdade Hélio Alonso, mas antes mesmo de concluir o curso de comunicadora social, em 1980, passou a freqüentar artes plásticas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage[1], onde, alguns anos depois passou a lecionar e coordenar atividades culturais.

Beatriz Milhazes
1984: Beatriz Milhazes tem participado de várias exposições e não somente aquelas que caracterizam a “Geração 80” que tem sido formada por artistas plásticos que despontaram após a exposição no Parque Lage[2] em 14 de julho de 1984, organizada com a finalidade de refletir a variada produção do período.
Vale uma digressão para explorarmos quem é quem e de onde provém. Uma mostra, em 1984, reuniu 123 artistas – Beatriz Milhazes, entre eles – cujas obras já chamavam atenção pela ornamentação e endereço “déco” – de idades e formações distintas, que com o resgate da técnica tradicional do uso do óleo sobre tela, mantinham certa unidade apesar de não abrirem mão de sua própria maneira de “fazer” – em outras palavras a arte procura ser menos cerebral e recuperar o prazer de fazer. Todos, porém se opunham à arte conceitual dos anos ’60 e ’70, pesquisavam novos materiais e técnicas e se comunicavam com vozeamento e coloridos copiosos.
A mostra foi intitulada “Como Vai Você, Geração 80?[3]”. Sabe-se que apesar do título genérico, a exposição teve maciça participação carioca de artistas ligados ao EAV/Parque e alguns paulistas oriundos dos cursos de artes da Fundação Armando Álvares Penteado – Faap. Vale dizer: “uma mostra carioca com apêndice paulista”, apesar da participação de alguns pintores da “Escola Guinard” e da “Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais”. Algumas características comuns podem ser as grandes dimensões das obras, o gestual pictórico, o neo-expressionismo internacional lido dentro da Trans-Vanguarda[4] e o pop integrando o arranjo da pós-modernidade. Não podemos deixar de notar a multiplicidade de materiais empregados – vaselina, parafina, folhas de ouro, toalhas, couros de origem animal e sintética, filmes plásticos, plásticos e arames, vestuário, espuma de PU, pelúcia, luvas, lentes de óculos, etc. – que se transmutam com sua contigüidade... .

A louca, ast, 180x180, 1998
Vinte anos depois – 2004 – o mesmo curador elabora uma nova mostra “Onde Está Você, Geração ‘80” que é inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), e percebemos que daquela exposição histórica do Parque Lage de 123 artistas, nesta, somente 48 participam e verificamos que além dos trabalhos produzidos em torno de 1984, todos apresentam suas produções atuais. Como esperado a exposição confirmou a chamada "volta à pintura", percebendo-se os sinais inequívocos das variantes locais das similaridades expressas, no mesmo período, na Trans-Vanguarda italiana e o Neo-Impressionismo alemão e internacional[5].
1990’s: Voltemos à carreira que nos interessa, neste momento. Nossa Beatriz Milhazes. Além da pintura, dedica-se também à gravura e à ilustração. De 1995 a 1996, cursa gravura em metal e linóleo no Atelier 78, com Solange Oliveira e Valério Rodrigues e, em 1997, ilustra o livro “As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes”, de Katia Canton. Entre 1997 e 1998, é artista visitante em algumas universidades norte-americanas. A partir dos anos 1990, destaca-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e integra acervos de museus como o Museum of Modern Art (MoMa), Solomon R. Guggenheim Museum e The Metropolitan Musem of Art (Met), em Nova York.

Panamericam; ast, 198x179, 2004.
Sua obra mantém a matriz popular representados por rendas, bordados, alegorias arquitetônicas, elementos extraídos do artesanato popular e ícones da história da arte que são elevados, todos, ao mesmo status numa mistura que incorpora o processo construtivo, o espírito barroco – necessita de um mais aprofundado estudo, discussão e esclarecimento[6] - e a sedução kitsch, compatibilizando o erudito e o popular, o sofisticado e o rústico[7]. A cor é um elemento onipresente! Sua obra inclui também a abstração geométrica e seu referencial específico sobre o Carnaval, colagens, justaposições e sobreposições.
Relativo às afirmações anteriores, recolhemos um depoimento de Beatriz Milhazes:
"Eu me conecto mais com os anos 90 do que com os 80, porque foi nos 90 que eu achei um fio condutor para me expressar melhor...”; "A arte dos 80 era muito ligada ao pop. E eu tinha interesse nas artes decorativas, populares e na geometria. Sempre fui mais racional, tanto que só fazia umas cinco telas por ano. Depois, muitos deixaram a pintura. Eu permaneci e fiquei meio isolada no meio nacional...[8]"